Numa época em que a vida social parece tão voltada para a conquista da felicidade, como é possível que o aumento das depressões tenha adquirido características de uma epidemia?
Numa época em que a vida social parece tão voltada para a conquista da felicidade, como é possível que o aumento das depressões tenha adquirido características de uma epidemia?
Os sujeitos se constituem em contexto. Os ideais que lhe servem de referência, os modelos identitários a que aderem, as modalidades de prazer e de sofrimento que organizam sua existência expressam os traços fundamentais do mundo social em que vivem. Nas últimas décadas este cenário tem sofrido transformações profundas.
Enquanto o mundo econômico enfrenta sua crise, assistimos à passagem de uma cultura baseada no sujeito psicológico, na qual a identidade estava referida preferencialmente ao registro da vida emocional interior, para outra, a das bioidentidades – na qual a biologia e o corpo são as fontes privilegiadas nas quais buscamos a resposta para a questão fundamental: quem sou eu?
A organização da família e a experiência da infância passam por transformações profundas nos dias atuais. Estruturas familiares inéditas emergem numa sociedade que hiperestimula a infância, celebra a autonomia e não admite a velhice. São tempos de mães libertas, pais fraternos e inseguros, filhos críticos. O que é, para onde vai, a família nuclear contemporânea, centro de um mundo tão descentrado como o nosso?
Os sujeitos se constituem em contexto. Os ideais que lhe servem de referência, os modelos identitários a que aderem, as modalidades de prazer e de sofrimento que organizam sua existência expressam os traços fundamentais do mundo social em que vivem. Nas últimas décadas este cenário tem sofrido transformações profundas.
Numa época em que a vida social parece tão antidepressiva, como é possível que o aumento das depressões tenha adquirido características de uma epidemia? Penso que a aceleração que marca a vivência temporal do sujeito contemporâneo desvaloriza a vida psíquica, produzindo justamente o sentimento de vazio interior que caracteriza as depressões.
A crise atual teve o mérito de escancarar, aos olhos de todos, os problemas e impasses de um modelo de sociedade baseado no consumo desenfreado, na obsessão pelo lucro e na expectativa (quando não no imperativo) de satisfação sem limites.
Jacques Lacan ficou conhecido, e ainda assim é visto, como, talvez, o mais importante continuador de Freud, alguém que deu estatuto racional iluminista ao Inconsciente, desde sua famosa formulação do ‘inconsciente estruturado como uma linguagem’.
A proposição da conferência é de circunscrever as novas formas de subjetivação na atualidade, indicando os impasses do discurso psicanalítico de se confrontar com um mundo no qual o Estado perdeu o seu lugar de referência axial no espaço social, tendo como contrapartida a disseminação da economia neoliberal. A questão da autoridade paterna foi colocada na berlinda, de forma que o imaginário da barbárie se atualizou no espaço social.
Vídeo de abertura do módulo "A psicanálise do século XXI. Lacan para desesperados da crise", de Jorge Forbes.
Vídeos das palestras de Campinas
Novas subjetivações e o mal estar na contemporaneidade – Joel Birman
Depois de Freud, o psicanalista Jacques Lacan reivindicava sua filiação às Luzes, aquelas do século de Voltaire, chamado também de ‘o século dos filósofos’. Entretanto, foi praticando a ‘antifilosofia’ que ele afirmava continuar o combate daqueles, contra todos os tipos de preconceitos. O que ele queria dizer com isso? Em que, e até que ponto, a ‘antifilosofia’ lacaniana se inspira no Iluminismo?
Em agosto a CPFL Cultura estreia em Campinas a programação Invenção do Contemporâneo / Luz na Crise, que posteriormente migra para São Paulo e outras capitais brasileiras. Juntamente com a programação do Café Filosófico CPFL, a nova série discutirá temas da contemporaneidade colocados em evidência pela emergência da crise global.
De qual psicanálise serve a este novo século, e que psicanálise pode-se fazer desse novo século? Com este questionamento, Jorge Forbes montou a série "A psicanálise do século XXI. Lacan para desesperados da crise", dentro do Invenção do Contemporâneo / Luz na Crise. Durante as quintas-feiras de agosto, Campinas recebeu três encontros deste módulo.
Há uma expectativa crítica em relação à psicanálise no ar, que poderia assim ser enunciada: “E agora você, e agora Lacan, que nos contou as vantagens da pós-modernidade, da queda dos padrões, da liberdade de escolha: o que fazer com esta crise que se abateu sobre o mundo e pede novas regulações?”.
Vídeos das palestras de Campinas
Ilusões que se vão, prosperidade que se mostra oca podem trazer uma oportunidade importante: o que é viver melhor com menos, o que é evitar o consumismo e pensar num mundo mais sustentável?
Palestra de Olgária Matos no programa Café Filosófico CPFL gravada no dia 14 de outubro, em São Paulo.
Evento do módulo O meu mundo caiu.