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Com investimentos nas favelas, socióloga acredita que a classe média vai subir o morro

A paisagem do Rio de Janeiro é lembrada no exterior por suas praias, o Corcovado, o Cristo Redentor e também suas favelas. Querendo ou não, elas já viraram ponto turístico par quem visita a cidade. Daqui a quatro anos com a Copa, e daqui a seis com a Olimpíada, como estará o cenário das favelas cariocas? Foi esta a pergunta levantada por Licia Valladares durante a palestra O futuro das cidades: novas configurações das favelas.

Para ela, o Rio manterá as favelas no futuro. “Estão investindo pesado nas favelas, elevadores panorâmicos, teleféricos, parques aquáticos, cursos de guias, línguas, esporte. Estão promovendo até museus em favela”. Estes exemplos citados pela palestrantes dão uma ideia da influência do turismo no local.

Este investimento acaba valorizando o local, o que Valladares chama de gentrificação das favelas. “É caro morar na Rocinha, no Cantagalo, no Dona Marta. um quarto na rocinha custa o preço de um salário mínimo de aluguel. Um dos efeitos das UPP´s (Unidade de Polícia Pacificadora) é valorizar a moradia nas vizinhanças. Eu acho que no futuro próximo, vai haver uma parte da classe média que vai subir o morro.”

A socióloga apresentou um histórico destas moradias no Brasil, que remontam à época da Guerra de Canudos. Favela é uma espécie de planta encontrada em um morro do sertão baiano pelos soldados cariocas que foram até Canudos. O morro foi batizado de morro da Favela. Ao voltarem ao Rio, trouxeram com eles o nome que batizou um morro da cidade, o atual morro da Providência. Nos anos 30 as favelas se tornaram um fenômeno de urbanização e todo morro virou favela. A definição de habitát precário só veio nos anos 50, definindo nacionalmente a palavra.

Valladares reforçou a ideia de que a grande maioria dos moradores de favela são trabalhadores, não são bandidos. “Basta olhar as filas de ônibus às 5h, 6h, 7h da manhã”, exemplificou. O conceito de favela mudou durante este mais de um século. “Os moradores dizem que favela é comunidade. A palavra é mais politicamente correta, pois favela virou perjorativo”, disse a socióloga.