Música

“toda forma de amor vale a pena”: em maio, a estreia brasileira de harlekin de stockhausen

O amor por um instrumento; a paixão pela dança; e o delírio de cantar o amor em todas as suas formas. Este é o sentimento que atravessa os três concertos que ocupam o Auditório Umuarama, no Instituto CPFL em Campinas, no primeiro semestre.

Em maio, a clarinetista Paula Pires faz a estreia brasileira de “Harlekin” provavelmente a mais ambiciosa peça solo para seu instrumento, que ocupa sozinha um concerto inteiro. E seguindo todas as prescrições de seu compositor, o alemão Karlheinz Stockhausen, como maquiagem e figurino especial do conhecidíssimo personagem da commedia dell’arte italiana do século 15, além de iluminação especial.

Curadoria

João Marcos Coelho é jornalista, crítico de “O Estado de S. Paulo”, colunista da revista “Concerto”. Passou pelas redações de “Veja” e “Folha de S. Paulo”, nas quais foi crítico musical. Seu livro “No Calor da Hora – música e cultura nos anos de chumbo” (Editora Algol, 2008) foi finalista do Prêmio Jabuti de 2009. Editou o volume coletivo “Cem anos de música no Brasil – 1912/2012” (Editora Andreato, 2014). Desde 2004 produz e apresenta os programas semanais “O Que Há de Novo” e desde 2008 “Música Contemporânea” e as seções “CD da Semana” (semanal) e “Compositor do Mês” (diário) na Rádio Cultura FM de São Paulo. Para o Selo SESC, roteirizou e apresentou os documentários de 1 hora cada e escreveu o texto dos livretos da série de Livretos-DVDs O Som da Orquestra: “Piano – uma história de 300 anos” (2013), “A Família das Cordas” (2015) e “A Democracia das Madeiras” (2017) e o CD “Cage”. Ministra regularmente cursos sobre temas musicais no CFP – Centro de Pesquisa e Formação do SESC São Paulo. Lançou em novembro de 2017 o livro “Pensando as músicas no século XXI” (Ed. Perspectiva).

Thais Nicolau tem se apresentado como pianista e pesquisadora em diversos lugares do país e do exterior, incluindo Portugal, Cuba, Chile, França, Rússia e Estado Unidos. Com doutorado em música pela University of Northern Colorado, é professora da Universidade do Estado de Santa Catarina, fundadora da Sintonize, vice-presidente do Instituto Incentiv e diretora artística do Festival de Música Contemporânea Brasileira.

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19/05 | 20h
A estreia brasileira de Harlekin de Stockhausen
Paula Pires, clarinete

O compositor alemão Stockhausen transformou em um clarinetista o célebre personagem da commedia dell’arte, forma de teatro popular na Itália dos séculos 15 e 16. O misto de músico, ator, clown e dançarino desce das alturas numa grande espiral, na expressão do compositor em suas detalhadas instruções para o intérprete: Primeiro ele encarna a figura do mensageiro de sonhos; em seguida, atua como um brincalhão construtor de formas, criando uma melodia nota a nota; assume-se como um lírico enamorado, transformando tudo, até o que é feio, em beleza pura; Melodia inteiramente construída, ele se transforma num pedante professor (quando erra, irrita-se muito); encarna a figura do dançarino apaixonado (aqui o intérprete dança ainda mais do que nos trechos anteriores); Aos poucos, reduz a melodia ao mínimo, e de repente transforma-se num espírito que dança e toca em espiral: depois de entoar 12 vezes cantos de pássaros transforma-se num pássaro e sobe finalmente às alturas de onde veio.