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tiffani marinho vai em busca do índice olímpico nos 400 metros

A atleta do IVCL Orcampi, que tem parceria do Instituto CPFL no projeto de atletismo de Campinas, tem 21 anos, já integrou a seleção principal em dois Mundiais, venceu o Troféu Brasil e sonha com disputar a Olimpíada de Tóquio/2021

Tiffani Marinho, de 21 anos, carioca de Duque de Caxias (RJ), corredora dos 400 metros rasos – a prova da volta completa na pista de atletismo – chegou no IVCL Orcampi, parceiro do Instituto CPFL, em 2017, e desde então só melhorou seu desempenho atlético. A ponto de poder sonhar com o índice olímpico e a disputa dos Jogos de Tóquio/2021 – vai brigar por isso assim que a pandemia da COVID-19 passar.

O Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima (IVCL) Orcampi, que desenvolve seu projeto de atletismo em Campinas, São Paulo, é parceiro do Instituto CPFL e conta com o patrocínio da CPFL Energia.

Os resultados da jovem velocista indicam um caminho promissor. Em 2019, integrou a seleção brasileira do 4×400 m misto que disputou o Mundial de Revezamentos de Yokohama, Japão (o Brasil ficou em 6º), também fez parte da equipe que disputou a mesma prova no Mundial de Doha, Catar (com o 8º lugar o grupo assegurou ao Brasil vaga na Olimpíada de Tóquio). Também correu sua melhor marca pessoal para os 400 m rasos, foi campeã do Troféu Brasil e já havia aberto 2020 com o título de campeã do Sul-Americano Indoor.

“Tudo muito novo e extraordinário para mim, sonhos realizados, em cima de sonhos realizados – Mundial de Revezamento, Mundial de Doha, corri 51.84, meu primeiro 51 segundos da vida! Os dois 51 segundos foram bem importantes, por ganhar o Troféu Brasil e ter conseguido o ápice com um melhor resultado em um Mundial”, observou a velocista, de 59 Kg e 1,67 m, que treina com Evandro Lazari.

Tiffani Beatriz Domingos Silva do Nascimento Marinho nasceu em 6 de maio de 1999, no Rio de Janeiro. O atletismo entrou em sua vida na escola, primeiro no Colégio Setembro, a convite de uma professora de Educação Física que levou um grupo de estudantes para a Vila Olímpica de Duque de Caxias, e depois no Colégio Duque. Corria os 75 m e os 250 m e pegou gosto pelo atletismo ao competir nos Jogos da Baixada Fluminense.

Em 2015, já federada, competindo por Duque de Caxias – “meus pais e minha equipe fizeram das tripas coração para eu disputar um Brasileiro”, conta – foi 4ª nos 75 m e 3ª nos 250 m, conseguiu a bolsa-atleta do Governo Federal e o estímulo que precisava para ser atleta. “Foi um entusiasmo ganhar a bolsa.”

No fim de 2017, vivendo uma situação complicada no Rio, em que não conseguia conciliar horários de treinamento e estudos na faculdade de Nutrição, pensou em mudar para Campinas. “Eu não conseguia manter minhas responsabilidades de casa, ser atleta de alto rendimento e estudar”, lembra. “Eu morava longe – no 3º distrito de Duque de Caxias – e estudava de manhã para não voltar sozinha para casa num horário ruim. Tinha de ir ao treino após a faculdade e ficava cansativo. Não era um esquema favorável”, explica.

Tiffani chegou a parar de treinar, mas foi pedir conselho ao seu primeiro treinador Wilton Darleans dos Santos Cunha sobre a ideia de mudar para São Paulo. “Ele disse que poderia ser bom para a minha carreira. Mandei mensagem para o Evandro e ele disse que eu poderia vir.” Chegou ao IVCL Orcampi em novembro de 2017, em busca de desenvolvimento.

Em 2018, foi buscar o índice para o Mundial Sub-20 de Tampere, Finlândia, de 53:60 – sua melhor marca para os 400 m era 54:00. “Tínhamos a expectativa de melhorar a marca e fazer o índice”, relata o treinador Evandro Lazari, do IVCL Orcampi e da seleção brasileira. Tiffani começou bem a temporada, mas sofreu uma lesão grave – uma torção no tornozelo, em que rompeu dois ligamentos do pé. “Uma das lesões mais graves que tive, mas fui tratando, trabalhando e graças a Deus fiz o índice para o Mundial na semifinal (53.21) do Brasileiro Sub-20. Na final, bati o recorde da categoria (52.85).”

“A gente trabalhou, trabalhou e conseguimos o índice. Ela correu 53 ‘baixo’ e ficou em 9ª no Mundial – por uma posição ela não foi finalista, mas foi bem constante correndo 53 ‘baixo’ o tempo todo”, afirma Evandro. “Ele fez um ótimo trabalho físico e psicológico. Desde esse momento tive a certeza que fiz a escolha certa de vir para Campinas”, ressalta Tiffani que em 2018 também foi terceira no Troféu Brasil Caixa de Atletismo (53.04).

Atleta e treinador entraram 2019 com foco em melhorar a marca e ganhar o Troféu Brasil. “Não teve um dia no ano sequer em que a gente não falou ‘vamos ganhar o TB de 2019’”, relembra Evandro. Na primeira competição da temporada Tiffani fez a melhor marca de sua carreira: 52.79, e pulou para a primeira do ranking brasileiro. Foi para o Sul-Americano adulto e ganhou.

E aí foi competir na Europa, por iniciativa do treinador e dela própria, por cerca de 20 dias: correu 52.21, então sua melhor marca, e voltou ao Brasil confiante e credenciada para vencer o Troféu Brasil como queria, o que de fato ocorreu. Conquistou a medalha de ouro nos 400 m em 51.84, sua melhor marca pessoal. Por ter vencido também o Sul-Americano se credenciou para disputar os 400 m no Mundial de Doha. “Tudo foi ajudando no processo de amadurecimento que ainda passa, aos 21 anos”, diz Evandro.

A mãe Bianca, o pai Fabiano e a irmã Any Gabrielly, de 10 anos, que faz jiu-jtsu não conseguem acompanhar as competições, a não ser pela tevê, como no Mundial de Doha quando integrou o revezamento 4×400 m misto, agora prova do programa olímpico.

“Uma responsabilidade muito grande. Mas eu entro na pista e corro. Não se pode inventar desculpa, batalhou para chegar lá e dar o melhor, é confiar no trabalho, nos colegas e correr. Acreditei no Evandro e procurei fazer tudo certinho. Tem todo um trabalho por trás do chegar e correr, treinamos muito a passagem de bastão, criamos espírito de grupo…”

Em 2020, antes da paralisação da temporada por causa da pandemia da COVID-19, Tiffani foi campeã sul-americano indoor. “Está ganhando experiência e constância. Se pudermos competir este ano ainda vamos buscar consistência, que ela corra novamente na casa dos 51”, afirma Evandro. “A paralisação do calendário pela pandemia atrapalhou um pouco nosso planejamento, mas o objetivo é correr muito próximo da melhor marca, ou melhorar a marca ou correr na casa dos 51”, completa.

    

O índice para a Olimpíada de Tóquio-2021, de 51:35, é a meta nessa temporada. “A possibilidade de entrar na seleção brasileira olímpica por pontos ajuda – ela foi bem nas competições e é a primeira no ranking mundial por pontos, tirando as que já tem índice (23 atletas)”, explica Evandro.

Tiffani disse que tem espaço onde mora, embora a pista de atletismo da Orcampi esteja fechada por causa da pandemia do coronavírus. “Estou treinando do jeito que dá e esperando essa pandemia passar. Assim que a temporada abrir a expectativa continua a mesma, continuo bem focada, segura e confiante. Meu foco é fazer o índice olímpico nos 400 m.”

Evandro disse que há também um planejamento a longo prazo de, em torno de dois anos, baixar a marca de Tiffani da casa dos 51 segundos. “Ela também tem integrado os revezamentos mistos como a segunda atleta no revezamento. E a vantagem é que ela consegue fazer essa segunda perna, que é complicada, por causa do desbalizamento e de precisar entregar o bastão, muito bem. Mas também pode fazer bem todas as funções. Confio nela.”

O IVCL Orcampi conta com o patrocínio da CPFL Energia e o apoio do Instituto CPFL.

Fotos: Wagner Carmo/CBAt