Naya: aluna do Instituto Anelo se dedica à música e à cultura popular
Naya Vitória Damas da Silva, de 15 anos, é uma das alunas mais dedicadas do Instituto Anelo, instituição patrocinada pela CPFL Energia, por meio do apoio do Instituto CPFL, que oferece cursos gratuitos de música no distrito do Campo Grande, em Campinas (SP). Seu comprometimento com as aulas de canto coral (ela faz parte do Coro Juvenil), teclado e Prática de Banda são uma inspiração.
A relação de Naya com a música começou bem cedo, quando era “pequenininha”. “Eu sempre cantei, mas não fazia aulas para aumentar meu conhecimento sobre canto, sobre música. A música é o meu porto seguro. Qualquer coisa eu já estou ouvindo alguma música, já estou cantando, já estou aprendendo. A música é muito importante na minha vida”, diz ela, que é aluna do Anelo há dois anos.
Naya pertence a uma família que valoriza a arte, a cultura e que abraça a oportunidade de ampliar os horizontes proporcionada por instituições como o Anelo. Além dela, seu irmão mais novo, Tom, e a mãe, Renata, também estudam no Instituto. Aliás, graças à mãe, Naya cultiva outra grande paixão: a dança, em especial as danças populares de raízes africanas, com destaque para o maracatu.
O maracatu entrou na vida de Naya já na barriga da mãe, que durante a gravidez integrava a companhia de teatro e danças populares Folia da Cidade e da qual faz parte até hoje. A própria Naya participou do grupo entre os 3 e 9 anos, tendo se apresentado em escolas e instituições com espetáculos compostos por danças maranhenses tais como Bumba Meu Boi e Boi de Matraca, entre outros ritmos.
Ainda pequena, ela participou com a mãe do Nação Nagô, o maior grupo de maracatu a desfilar no Carnaval de Campinas. Atualmente, Naya, Renata e o pequeno Tom fazem parte do Urucungos, Puitas e Quijengues, um dos mais tradicionais grupos de cultura popular da cidade (foi fundado em 1988 pela folclorista Raquel Trindade), e também dos blocos das Caixeirosas e Caixeiras da Guia.
“A partir da dança foi que começou a minha relação com a música. Foi a partir da dança que comecei a cantar. Sem a dança eu não teria me relacionado com a música e vice-versa”, afirma. “Sou uma eterna aprendiz de danças populares afro”, revela Naya, que pensa em seguir uma profissão que seja de alguma forma ligada às áreas de música e de dança.
“Mas, ainda estou correndo atrás para descobrir certinho o que eu quero, mas sei que será relacionado a isso”, conta a adolescente, que atualmente cursa o primeiro ano do Ensino Médio na Escola Estadual Culto à Ciência e é fã de Caetano Veloso, Gilberto Gil e da cantora Iza.
Palavra de Professora
Vale aqui dizer que o talento e a disposição de Naya em aprender não passaram despercebidos desde a sua chegada ao Anelo, quando era aluna do então Coro Infantojuvenil. Na época, a professora Julia Mazzotti Toledo, que era a pianista correpetidora das turmas de coral, foi chamada a formar uma Prática de Banda feminina, e buscava cantoras para o grupo.
“Me lembro que, desde o começo, me chamou muito a atenção como ela era afinada, disposta e participativa, coisas que até hoje me chamam a atenção”, diz Julia, que destaca o fato de Naya estar sempre presente nas aulas. “Ela é dedicada e dá muito valor para a música.”
E completa: “A Naya é muito comunicativa. Nas aulas, ela é uma das primeiras a dar resposta, a sugerir ou a comentar sobre algo. É muito legal porque ela agrega muito à Prática de Banda justamente por ser muito animada, falar e topar tudo. E não só ela é animada e engajada na música, mas toda a sua família. É muito legal ver esse comprometimento”.
Instituto Anelo
Para Naya, o Instituto Anelo significa conhecimento e cultura, o que vai ao encontro do que pensa sua mãe. “Eu não tenho grandes posses para deixar aos meus filhos, o que eu tenho para dar a eles é o conhecimento, é a cultura popular”, afirma Renata, que conheceu o Anelo por indicação do saudoso Mestre Alceu, agitador cultural e figura emblemática do movimento negro de Campinas morto em 2018.
Renata lembra que a música, de maneira geral, vem da periferia, mas que com o tempo se tornou uma coisa elitizada. Nesse contexto, ela acredita que o papel do Anelo é fundamental, por mostrar ao cidadão da periferia o imenso leque de possibilidades e de transformação que a música proporciona.
“Me sinto muito grata. Sou uma entusiasta”, declara, destacando o carinho de cada professor ao ensinar crianças, adolescentes e adultos. “Tem gente que passou a vida inteira com o sonho de tocar uma sanfona, porque lembrava do avô que tocava lá no interior do Nordeste. E o Anelo proporciona isso, a gente vê a alegria no rosto desses adultos.”