Música contemporânea com sotaque inglês
Por João Marcos Coelho
Quando ouvimos falar em música contemporânea, imediatamente nos vem à cabeça uma música cerebral, radical e experimental, inacessível ao comum dos mortais. Este é um preconceito que se firmou historicamente junto ao público nas últimas décadas porque a noção de música contemporânea está colada às vanguardas radicais do período 1945-1965.
Naqueles anos, dominaram a cena compositores radicais como o francês Pierre Boulez, o alemão Karlheinz Stockhausen e o greco-francês Iannis Xenakis. Entre eles, apenas um, o italiano Luciano Berio, ameaçava namorar com os códigos das músicas populares. Por isso mesmo, foi um dos criadores musicais contemporâneos mais conhecidos (ou menos desconhecidos) do grande público.
Os quatro concertos deste mês mostram ao público que as músicas contemporâneas com sotaque inglês – ou seja, a britânica e a norte-americana – rezam por outras cartilhas. Fazem música tão densa quanto a européia, porém com maior possibilidade de comunicação com as platéias.
Exceto os dois concertos vocais, dedicados a compositores britânicos específicos – Benjamin Britten e Thomas Adès –, os demais misturam Londres e Nova York. O Percorso Ensemble, por exemplo, interpreta apenas obras de compositores do grupo Bang on a Can, há mais de duas décadas promovendo uma música que flerta com os demais gêneros, mas não se perde em facilidades.
Além disso, os espectadores deste módulo terão a primazia de ouvir em junho a música de Thomas Adès, inglês de 40 anos, que será o compositor-em-residência convidado da OSESP em São Paulo somente no próximo mês de novembro.