Música

mosaico, permeando o popular e o erudito

Tirando um “selfie” da(s) música(s) contemporânea(s)
Os concertos do primeiro semestre, sob o guarda-chuva geral de Mosaico, funcionam como um quebra-cabeças que, uma vez inteiramente montado – o que deverá acontecer após o último concerto de 2017 – , resulta num admirável “patchwork” muito presente em nosso dia-a-dia. A palavra se aplica a algo formado com retalhos de tecidos – uma almofada, uma colcha, uma cortina. Pois se fosse possível tirar um “selfie” da música contemporânea, ele mostraria um patchwork. Nele cabem tendências aparentemente contraditórias. Mas é de contradições que se forja a realidade artística. Assim, de um lado Proveta e Hércules Gomes brincam com o erudito e o popular, mostrando-os com o mesmíssimo DNA. De outro, o violonista Álvaro Henrique e a pianista Karin Fernandes mostram como os criadores musicais de hoje estão antenados com o turbulento e difícil momento político atual. Em “Brasília 50”, Jorge Antunes mistura o violão com falas históricas da história recente do país no último meio século; e ao tomar a melodia da mais famosa canção de luta e resistência às ditaduras latino-americanas dos anos 70, as Variações sobre O Povo Unido Jamais Será Vencido , Rzewski compôs um dos grandes ciclos de variações da história da música, quem sabe ao lado das Variações Goldberg de Bach e das Variações Diabelli de Beethoven. Um selfie desses não estaria completo se não incluísse a música minimalista de Philip Glass e uma estreia mundial de obra do brasileiro Ricardo Tacuchian, no concerto do Quarteto Radamés Gnattali; sem contar as criações mais recentes de Michelle Agnes, uma das mais promissoras compositoras brasileiras da atualidade.

João Marcos Coelho

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Mosaico
As apresentações do módulo Mosaico, de abril a junho, desafiam os conceitos e preceitos que dividem a música popular da erudita nos séculos 20 e 21 e mergulham na realidade política que nos cerca. Em maio, o violonista Alvaro Henrique mostra a força da música politicamente engajada de hoje em dia no recital “Brasília Capital & Política”. E o Quarteto Radamés Gnattali mostra obras de Philip Glass, Ronaldo Miranda e promove a estreia mundial do Quarteto Afrescos de Ricardo Tachchian.

Thais Nicolau

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13/05 | sáb | 20h
Permeando os sentidos, com Quarteto Radamés Gnattali
Neste concerto, o Quarteto Radamés Gnattali apresenta obras que transitam entre os universos sensoriais, explorando a conexão do visual com o auditivo e experimentando com as nuances da sonoridade e seu poderes descritivos, de atemporalidade e imersão imaginativa.

27/05 | sáb | 20h
Brasília Capital & Política, com Alvaro Henrique
Com um programa que discorre musicalmente sobre os acontecimentos marcados na história da capital do país, o violonista Alvaro Henrique apresenta obras que geram reflexões sobre a transformação da representação artística da cidade de Brasília e abrem uma discussão para a situação politica atual e a função da música nesse cenário.