Mesa sobre cultura na era digital com cara de clássico de futebol
Debate de cultura em clima de Fla X Flu. Com esta metáfora futebolística que Marion Strecker, diretora de conteúdo do UOL, resumiu uma parte da mesa O jornalismo pós mídias digitais no segundo dia de encontro do II Congresso de Jornalismo Cultural. Para falar sobre a reinvenção do jornalismo cultural na internet, além da diretora do UOL, foram convidados Carlos Graieb, editor executivo da revista Veja, e Ivana Bentes, professora de Comunicação e Cultura na UFRJ. A mediação ficou por conta de Endrigo Chiri Braz, editor do site B-Coolt.
O comentário de Strecker surgiu por causa do embate entre Bentes e Graieb. De um lado, Graieb defendeu a qualidade da crítica especializada. De outro, Bentes exaltou a possibilidade de encontrar a diversidade de opinião na internet. Para exemplificar que não precisava de uma avaliação de veículos de imprensa, a professora apontou o tweeter do cantor Ed Motta como seu crítico de música favorito.
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Bentes chegou a citar a Veja como exemplo negativo de imprensa, alertou para a crise do meio impresso e exaltou a plateia quando disse que o jornal é feito de notícias mortas impressas em árvores mortas. Mas não foi só o público que reagiu. Strecker se posicionou do lado de Graieb na mesa, discordando da forma como Bentes falou sobre a mídia impressa (tirando da plateia uma nova reação exaltada).
Em uma coisa todos concordaram, que o mercado não passa por nenhuma crise, mas sim está se adaptando às novas necessidades profissionais. Segundo Strecker, são poucos os jornalistas que conseguem fazer bem áudio, vídeo e texto, uma característica apontada como desejada neste novo mercado.
Finalizando o debate, Graieb disse sentir falta de uma ferramenta de web que pudesse medir o que é bom ou não em uma forma de arte, o que gerou a última intervenção de Bentes, discordando novamente da posição do editor da Veja. Para ela, não há necessidade de uma cotação de bom ou ruim em arte, que isso se constrói na sociedade e não por uma ferramenta. Strecker ainda teve a palavra, mas não se envolveu nesta discussão. Preferiu falar que em 15 anos de experiência trabalhando na internet, uma lição que ela aprendeu é a necessidade de uma edição do conteúdo postado pelo público. Segundo ela, se não há um controle do que é publicado, ninguém mais visita o website.