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ítalo matheus de araújo: bilhete na porta do armário aponta metas após bronze no pan sub-20

Jovem meio-fundista da Orcampi, que tem apoio do Instituto CPFL, escreveu os tempos que quer alcançar em 2018 como estímulo para enfrentar o duro treinamento 

Foto: Osvaldo F.

Foto: Osvaldo F.

Ítalo Matheus de Araújo, de 19 anos, fechou a temporada de 2017 no atletismo com a conquista mais importante de sua curta carreira no esporte: a medalha de bronze nos 800 metros rasos no Campeonato Pan-Americano Sub-20 de Trujillo, no Peru, em julho. Animado, o atleta da Orcampi tem planos ambiciosos para 2018: melhorar as marcas pessoais nos 400 m, 800 m e 1.500 m, estar na seleção que vai ao Sul-Americano sub-23 e se classificar para o Troféu Brasil.

Ítalo quer ser mais rápido e quebrar a barreira do 1min48 nos 800 m. O jovem fixou objetivos de tempos para as suas três provas. Escreveu em um papel e colou na porta do armário. Afirma que isso ajuda a não perder o foco, a suportar a rotina de treinos e as competições do atletismo.

“Essa medalha me deu motivação. Em 2018 quero ir para a seleção sub-23 e, quem sabe, para a primeira seleção adulta. Na porta do meu armário já coloquei a marca que eu quero alcançar em cada distância.”

Ítalo Matheus Barbosa de Araújo nasceu em 9 de março de 1998, em Osasco, São Paulo. Esguio, mede 1,96 m e pesa 82 quilos – sempre foi um dos maiores da turma. “Desde a primeira série eu era o maior. Minha mãe me localizava no meio dos outros meninos pela altura”, comenta. Em 2009 entrou no Projeto Desafio, da Prefeitura de Osasco. “Tinha um ônibus que pegava os meninos em casa às terças e quintas.”

Osvaldo F.

Fotos: Osvaldo F.

Quando mudou para Carapicuíba, cidade vizinha da região metropolitana de São Paulo, parou de fazer atletismo até que foi resgatado para o esporte por um professor de educação física, quando já estava no ensino médio, para disputar os Jogos Escolares. “O professor me indicou um local de treinamento e o professor Mário Vasquez. Comecei a pegar firme em 2013, treinando para os Jogos Escolares.”

Mas o treinador, que mudaria de cidade e sabia que Ítalo tinha potencial para o atletismo, indicou o jovem ao colega Ricardo D’Angelo. Ítalo chegou a Campinas no início de 2016 para treinar na Orcampi, braço esportivo do Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima, projeto do atletismo que tem apoio do Instituto CPFL.

“O Ítalo é de Carapicuíba. Chegou por intermédio do primeiro treinador, o Mário Vasquez, que mandou um vídeo de uma corrida nos Jogos Regionais. Fiquei impressionado com a estatura dele, um biótipo interessante para ser trabalhado. Em 2016, ele melhorou as marcas dele e, em 2017, ele ganhou consistência até a medalha de bronze nos 800 m no Pan-Americano”, comenta Ricardo D’Angelo.

“É um moleque educado, atencioso e disciplinado… O único problema é que ele é palmeirense”, brinca o treinador. “A evolução dele está de acordo com as idades de treinamento e biológica. Correu quatro vezes abaixo de 1min50, em 2016, e se consolidou em 1min49 como juvenil. Na pista, encontra o melhor ambiente possível correndo ao lado de atletas como o Thiago André e o Lutimar Paes, além de vários atletas dos 400 m.”

A temporada de 2018 será a primeira de Ítalo na categoria sub-23. “Os objetivos são melhorar as marcas pessoais, chegando e se consolidando na casa dos 1min48 para os 800 m.”

Fotos: Osvaldo F.

Fotos: Osvaldo F.

Ítalo corria os 800 m em 1min54s49 quando chegou a Campinas. “Eu corri 1min52s80 em 2016 e fui para o Troféu Brasil, uma grande vitória pra mim.” A evolução não parou e, quando fez treinos específicos para a distância, rompeu a barreira de 1 minuto e 50 segundos. Correu 1min49s47 no Desafio Brasil/Circuito Prata 3ª Etapa, em São Bernardo do Campo, em 2017, melhor marca pessoal, e levou o bronze no Pan com 1min49s87.

“Essa medalha foi o melhor resultado da minha vida. Eu nunca tinha corrido fora do Brasil”, conta Ítalo, que ficou ansioso, mas concentrado, até a semifinal. Quando se qualificou com o sexto tempo para a final,  “tirou o peso dos ombros” e correu para a medalha.

Ítalo, que concluiu o ensino médio e pensa em cursar o ensino superior quando for possível, tem o apoio e a torcida dos pais José e Rita Maria. “Sempre estão nas competições”, conta. E tem dois dos maiores corredores dos 800 m como ídolos – o brasileiro Joaquim Cruz, campeão olímpico em Los Angeles/1984 (ainda o recordista sul-americano da prova, com 1min41s77), que já havia parado de competir quando Ítalo nasceu.

“Sempre vejo os vídeos dele. Ele corria muito bem”, observa Ítalo, que cita também o queniano David Rudisha, campeão olímpico, mundial e recordista mundial da distância (1min40s91).