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Instituto Anelo: Nicolas Rosa da Silva esbanja talento na flauta transversal

No dia 19 de novembro, Eduardo Henrique da Silva publicou um vídeo caseiro em suas mídias sociais, no qual toca a música “Inspiração”, de autoria de Wagner do Cavaco, ao lado do filho Nicolas Vinícius Rosa da Silva, de 10 anos (ele no cavaquinho, o menino na flauta transversal). Só recebeu elogios pela interpretação, muitos ressaltando que Eduardo deveria estar muito orgulhoso do jovem flautista.

 

E o pai deve mesmo se orgulhar. Afinal, quem assiste ao vídeo nem imagina que o garoto, que executa o tema com desenvoltura e segurança, tenha começado a aprender o instrumento há menos de um ano, e com aulas a distância. Nicolas é um dos 500 alunos atendidos atualmente pelo Instituto Anelo, uma instituição patrocinada pela CPFL Energia por meio do apoio do Instituto CPFL, que há 20 anos oferece aulas gratuitas de música no distrito do Campo Grande, em Campinas (SP), e que devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19) passou a realizar todas as atividades acadêmicas no formato on-line.

Sendo filho de músico profissional (Eduardo toca na noite e ensina bandolim, banjo, cavaco e violão), Nicolas sempre foi exposto à arte, e com frequência acompanhava o pai em ensaios, sendo incentivado pela família desde bebê a ter contato com a música. Não apenas ele, como também sua irmã, Nicoly Alessandra da Silva, de 14 anos, que é aluna de Canto Coral do Instituto Anelo e estuda piano com professor particular.

Curiosamente, antes de chegar ao Instituto Anelo no início de 2020, Nicolas, apesar de ter um professor de diferentes instrumentos de corda em casa, queria mesmo era ser percussionista. De forma que ganhou do pai um pandeiro de choro, feito de couro e madeira. Porém, por conta do peso, o aprendizado ficou um pouco difícil, e ele perdeu o interesse.

Quando Nicolas manifestou o desejo de aprender a tocar flauta doce, Eduardo ficou sabendo sobre a abertura de vagas no Anelo e o matriculou no Instituto, onde o menino passou a ter aulas em uma das turmas do professor Matheus Soares. Aqui vale um parêntese: por uma daquelas coincidências da vida, Matheus e Henrique já se conheciam, pois ambos estudaram no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, em Tatuí (SP), na mesma época.

Eduardo lembra que, depois de três aulas presenciais, Matheus o procurou e sugeriu transferir Nicolas para o curso de flauta transversal. Mesmo tendo observado a facilidade com que o filho lia partituras e executava escalas, ele disse que ficou espantado. Aceitou a sugestão e decidiu comprar o novo instrumento para o garoto.

“Eu tinha 900 reais no bolso, dinheiro que juntei tocando na noite e que seria usado para pagar o IPVA do meu carro. Comprei a flauta. Na semana seguinte veio a pandemia, perdi trabalhos que tinha agendado e fiquei mais ou menos cinco meses com o IPVA vencido”, conta Eduardo. Mas, para ele, valeu o sacrifício. “Quem trabalha com música sabe o que ela pode oferecer. Só tenho a agradecer.”

 

Talento nato

De acordo com Matheus Soares, logo no início do curso de flauta doce Nicolas demonstrou muito interesse e facilidade em aprender, e até ajudava uma colega de classe com um pouco de dificuldade. Segundo o professor, o jovem aluno não fez sequer uma aula presencial de flauta transversal – seu aprendizado foi todo a distância.

Como o conteúdo enviado, na opinião de Matheus, às vezes não era suficiente para o desenvolvimento musical de Nicolas, o professor conta que fez videoconferências extras, fora do horário do Anelo, e enviou material complementar como forma de incentivo.

Como considera importante envolver os pais, também passou orientações para Eduardo ajudar Nicolas no processo de aprendizado. O resultado apareceu logo: depois de cinco meses de aulas, o pequeno flautista foi indicado, fez o teste e foi aprovado para participar da Prática de Banda da professora Julia Mazzotti Toledo – a Prática de Banda é um projeto do Instituto Anelo que proporciona aos alunos a oportunidade de tocar em conjunto.

“A flauta o escolheu”, acredita a mãe, Sônia, que lembra que até a embocadura (como é chamado o uso dos músculos da face e dos lábios para produzir o som do instrumento) Nicolas desenvolveu em casa, com a ajuda do pai, a partir das orientações passadas pelo professor.

Para Nicolas, que cursa o quarto ano do Ensino Fundamental, a música “é muito rica e poderosa”. E além de ter se revelado um talento nato, ele demonstra ter um apurado gosto musical. Fã de samba, música clássica, samba-rock e choro, revela que seu artista é Altamiro Carrilho (1924-2012). Por quê? “Por causa da flauta”, responde de pronto – considerado um dos melhores flautistas do mundo, o brasileiro, ao longo da carreira, compôs cerca de 200 músicas e gravou mais de 100 discos, além de ter levado o choro a 40 países.

 

O Instituto Anelo

Nicolas diz que estudar no Instituto Anelo é “muito legal”, e que acha importante a instituição dar oportunidade para crianças que, muitas vezes não têm como pagar, de aprender um instrumento musical. Já para seu pai, o Anelo oferece a base para qualquer músico se desenvolver. “Principalmente porque os alunos estão cercados de músicos extraordinários e com um nível altíssimo de conhecimento”, diz Eduardo.

“É uma oportunidade que nem todos têm. Antes tivesse um Anelo em cada bairro”, acredita o músico, que conhece o trabalho do Instituto há muitos anos – a família mora no Jardim Bassoli, bairro localizado na região do Campo Grande.

Sua esposa, Sônia, concorda com ele. “Seria muito bom um Anelo em cada bairro. Significaria tirar as crianças da rua, a diminuição da marginalidade. Seria fantástico”, afirma ela, que considera o trabalho realizado pelo Anelo maravilhoso, ressaltando todo o esforço da equipe em oferecer o conteúdo on-line durante o período da pandemia. “O Nicolas mesmo não sai de casa, porque é asmático, e o estudo da flauta o ajuda muito”, completa.

(Fotos: arquivo pessoal)