Entendendo a crise atual como o esgotamento de um modo de viver: A exigência de um novo estilo de vida
Toda crise denuncia mudança. Constrange-nos a considerar que o mundo não é mais o mesmo. Talvez pudéssemos nos dar conta disso em qualquer outro momento. Mas temos mais o que fazer. A constatação do fluxo do real nem sempre combina com a vida em seu cotidiano. Afinal, estamos muito acostumados ao conforto de uma certa crença na permanência. Em nome de um eu, que definimos para nós e para os outros sempre que preciso, daqueles que estão perto e que amamos, e das instituições que freqüentamos, investimos muita energia. A vida em sociedade requer esta crença. Toda responsabilidade, moral e jurídica, tão indispensáveis para a civilização, dela dependem. Como responsabilizar ou punir alguém por um ato praticado se levarmos a sério que o agente já não é mais. Que os afetos que o motivaram já se perderam no tempo.
Vídeos das palestras de Campinas
Moral e estilo de vida na crise da contemporaneidade – Clóvis de Barros Filho
Consumo e trabalho na crise da sociedade contemporânea – Luciane Lucas
O pensamento pós-moderno e a falência da modernidade – Juremir Machado da Silva
O pensamento moderno e a interpretação da crise na sociedade contemporânea – Julio César Pompeu
Matérias sobre o módulo
Clóvis de Barros Filho encerra primeiro módulo do Café Filosófico em Campinas
Clóvis de Barros Filho é o curador do primeiro Café Filosófico de 2009 em Campinas
Por isso a crise é triste. Força-nos a constatar o que não queremos. Mostra-nos que se nem tudo é absolutamente novo, nada permanece absolutamente velho. Condena-nos a encontrar um mundo confuso. Nele, buscamos encontrar o já conhecido. Esperança do previsível. Na ignorância, na impotência, na esterilidade. Como todo desejo esperançoso. Às vezes, o mundo que nos é familiar parece ainda lá. Numa modernidade que tranqüiliza. Mas, outras não. As conversas com vizinhos perplexos não diminuem nossa solidão. Ninguém nunca sentiu mesmo o que sentimos. O temor de um pós-moderno que se apresenta como algo mais do que apenas um líquido crepúsculo do dever. As ameaças do dia-a-dia parecem bem sólidas, antes de se desmancharem no ar. Por isso uma sempre revisitada investigação sobre a vida que vale a pena ser vivida. Na denúncia de todo e qualquer gabarito, como da tal qualidade de vida como padrão existencial garantidor de uma felicidade em atacado. Talvez na fruição de uma vida vivida, a de cada um de nós, de carne e osso, respeitadora de todas as singularidades que o mundo social nos autorizar.