agosto: ciclo de conversas entre bach e villa (e vice-versa)
Em agosto e setembro:
Ciclo virtuoso: de Bach a Villa-Lobos (e vice-versa)
com curadoria de João Luiz Sampaio e coordenação de João Marcos Coelho.
Nos anos 1930, Heitor Villa-Lobos iniciou o trabalho nas Bachianas Brasileiras. O ciclo tinha como inspiração a música de Bach, ou melhor, a possibilidade de justapor elementos da música folclórica brasileira ao universo do compositor alemão, que ele tratava como “manancial folclórico universal”.
O ciclo se insere em um momento histórico específico – o do neoclassicismo e do retorno às formas do passado que orientou, nos anos 1920, diversos autores, como o russo Igor Stravinsky. Mas as Bachianas extravasaram as condições de seu nascimento. Nelas, afinal, está sintetizada uma questão-chave da criação chamada “erudita” nacional no século XX: como conciliar a relação entre as formas herdadas do passado europeu e o olhar às manifestações regionais na busca por uma linguagem original?
Em pleno século XXI, se a questão permanece, a resposta a ela já não precisa assumir ares definidores de uma estética a ser seguida. Pelo contrário, por trás dela estão múltiplos diálogos possíveis, que apontam acima de tudo para a diversidade de referências que devem ser levadas em conta na compreensão de nossa identidade. Multiplicidade e diversidade que estão representadas não apenas no trabalho dos autores mas também na linguagem pessoal dos intérpretes – e que pautam esse módulo.
A pianista Sonia Rubinsky, que já gravou a integral de Villa-Lobos e hoje se dedica à obra de Bach, explora em seu recital as relações possíveis entre os dois autores, buscando no brasileiro elementos da obra do compositor das Paixões. O duo de voz e piano de Ana Lucia Benedetti e Rafael Andrade, dois jovens expoentes do universo lírico no país repassa o rico universo das canções de arte, gênero em que é evidente a influência da música popular em alguns de nossos principais autores do século XX.
As duas outras apresentações percorrem o caminho contrário. Amilton Godoy e Gabriel Grossi buscam os elementos populares da pesquisa que conduziu Villa-Lobos em seu processo criativo. E, se Villa se debruçou sobre o universo popular para criar obras ditas eruditas, Neymar Dias relê o cânone bachiano a partir das sonoridades da viola caipira, fechando um círculo virtuoso no qual o diálogo, acima de tudo, se traduz em música.
por João Luiz Sampaio.
Confira os concertos de agosto:
5/8 | sáb | 20h | de bach a villa
sonia rubinsky, piano
a relação entre villa-lobos e bach é conhecida, comentada, mas na verdade pouco ouvida em sons. o prelúdio das bachianas brasileiras nº 4 é citação direta do tema da oferenda musical. e, afinal, as bachianas nº 4 são uma suíte, como as de bach. mais informações.
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19/8 | sáb | 20h | villa-lobos popular
amilton godoy, piano, e gabriel grossi, harmônica
a partir de obras como as bachianas brasileiras no. 4, amilton godoy e gabriel grossi celebram a importância do autor buscando os elementos genuinamente populares da pesquisa que conduziu heitor villa-lobos em seu processo criativo. mais informações.