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a contribuição e o papel das empresas frente às mudanças climáticas, com pavan sukdev (íntegra)

Não há sustentabilidade sem lucro, nem lucro sem sustentabilidade

Autor de “Corporação 2010”, indiano Pavan Sukhdev defende que setor privado tome dianteira no debate com os governos sobre aquecimento global

A contribuição e o papel das empresas frente às mudanças climáticas foram o tema da palestra com o economista indiano Pavan Sukhdev, autor de “Corporação 2020” e dos relatórios de economia verde da ONU, no programa Invenção do Contemporâneo gravado em 28/08/14, na CPFL Cultura, em Campinas – SP (vídeo da palestra disponível em inglês ou traduzido no final do texto).

No encontro, Sukhdev afirmou que o setor privado é um dos principais agentes impulsionadores das transformações do mundo e dos impactos das mudanças climáticas do Planeta. “É preciso entender essa responsabilidade. O setor privado não pode só pensar no lucro”, afirmou o palestrante.

Para o palestrante, não é possível ter economia sustentável sem lucro, mas o lucro não pode ser o único objetivo. Ele citou exemplos de lideranças corporativas que entenderam a importância da atuação de suas empresas a partir de propostas e objetivos sociais. “Temos boas lideranças empresariais, mas poucos as seguem. Por quê?”

Uma das causas, diz, é que muitas empresas querem continuar a fazer o que sempre fizeram: produzir e gerar lucro sem investir em mudanças. Mas um dia o modelo se esgota. Sukhdev alertou que os lucros de hoje não são o lucro de amanhã. “É preciso entender os desafios dos novos tempos.”

Nesses novos tempos, o valor do produto é preponderante sobre o volume da produção. Ele defendeu um pacto entre governos e iniciativa privada para idealizar as ações efetivas para esses novos tempos. Essa iniciativa deve partir dos líderes das corporações. “As principais ações dos políticos dependem das empresas privadas: geração de emprego, crescimento, financiamento de campanhas. Os CEOs devem pedir subsídios para novas formas de energia, não aos combustíveis fósseis tradicionais, por exemplo, que causam impacto no meio ambiente.”

Sukhdev lembrou que hoje os incentivos estatais estão voltados a setores poluentes, como extração de minérios, enquanto os bens e o trabalhado imaterial pagam taxas altas de impostos. “Está errado.” Questionou também a ética das estratégias de propaganda das empresas, que levam os consumidores a comprar e descartar produtos de “obsolescência programada”.

Ele se disse otimista para a conferência do clima de Paris, em 2015, mas defendeu que os países cheguem ao encontro com posições definidas. “Temos de chegar à conferência de Paris, em 2015, com um acordo entre os blocos, e não chegar e esperar soluções.”

a contribuição e o papel das empresas frente às mudanças climáticas

com pavan sukdev, fundador e presidente da gist advisory

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