protagonismo das cidades frente às mudanças climáticas – abordagens inovadoras e humanas, com jaime lerner (íntegra)
O automóvel é o cigarro do futuro, diz Jaime Lerner
O arquiteto e urbanista Jaime Lerner abordou o “Protagonismo das cidades frente às mudanças climáticas” na série sobre aquecimento global do programa Invenção do Contemporâneo
“Cidades não são problemas. Podem ser soluções para o país, se houver vontade política”, afirmou o arquiteto e urbanista Jaime Lerner durante o debate “Protagonismo das cidades frente às mudanças climáticas”.
No encontro, parte da série do programa Invenção do Contemporâneo sobre os caminhos para o novo acordo global do clima, o ex-prefeito de Curitiba falou sobre o papel dos centros urbanos, que abrigam 70% da população na América Latina e responsáveis por 75% das emissões de carbono, para a transformação dos modelos mentais, políticos e de negócios para o desenvolvimento sustentável.
O desafio, afirmou, passa pelo tema da mobilidade. Lerner disse esperar “que estejamos saindo da dependência exagerada do automóvel”. “O automóvel é o convidado que veio para a festa que bebe demais, exige demais, e não sabe a hora de ir embora. É o cigarro do futuro”, disse o especialista, numa referência às mudanças de percepção da sociedade em relação ao tabaco, antes um símbolo do glamour e hoje tema de campanhas de conscientização.
“No lugar de 5 milhões de veículos poderíamos colocar moradias próximas ao trabalho”, afirmou. “A cidade precisar ser uma estrutura de vida, trabalho, mobilidade e lazer. O custo de vida é alto desnecessariamente. Parte do espaço das casas e da cidade é reservada ao automóvel. As barreiras e os ‘xerifes’ dessas barreiras impedem a transformação das cidades em espaços adequados para moradia”, resumiu.
A queda dessas barreiras envolve a queda de muros, físicos e simbólicos, e também de ideias. “Antes havia a ideia de que comércio desvalorizava os imóveis para moradia. Hoje esse paradigma está mudando. As pessoas adoram visitar a Europa. Lá existe diversidade. Mas chegam aqui e fazem tudo o contrário. Aqui tudo é separado.”
Hoje, lembrou, a moradia mais barata é em Paris. “Você compra apartamento que eram usados antes como quarto de empregados. Os franceses descobriram que as coisas importantes estão na rua. Não precisam de grandes espaços para moradia.”
Segundo ele, as cidades com mais diversidade são as mais seguras. Nesses locais, afirma, as pessoas podem compartilhar espaço e prestar serviços aos outros. “Quando os vizinhos não se conhecem, tornam-se violentos”
Segundo o urbanista, as empresas são hoje fundamentais para pensar em soluções para essas cidades. “Muitas estão dispostas a assumir seu papel.”
Ele ressaltou, no entanto, que são os cidadãos que fazem a cidade. “Se as crianças entenderem suas cidades, vão respeitar mais as suas cidades. A noção da cidade precisa ser ensinada às crianças. É preciso conhecer os córregos que passam perto das nossas casas.”
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