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a última fatia do bolo: o desafio do novo acordo global de clima, com tasso azevedo (íntegra)

“Não podemos olhar a sustentabilidade como um fator de restrição dos negócios, mas como um princípio”

Engenheiro florestal Tasso Azevedo fala sobre os desafios do novo acordo global para o clima no programa Invenção do Contemporâneo

Algo estranho acontece com o Planeta Terra, afirmou o engenheiro florestal Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, durante a gravação do programa Invenção do Contemporâneo de quinta-feira, 14/08/14, na CPFL Cultura.

A estiagem prolongada na época chuvosa no Sul e as tempestades intensas no Norte são alguns dos sinais que, segundo o especialista, ligam o alerta sobre os efeitos da ação humana no meio ambiente. “As coincidências permitem dizer, com mais de 90% de certeza, que há uma relação entre a alteração da emissão de gases e o calor”, afirmou.

Curador do módulo de debates “Mudanças Climáticas: rumo a um novo acordo global”, Azevedo disse que o aumento da temperatura média global, de 1ºC, permite comparar a situação do Planeta com a de um paciente com febre. No corpo humano, contou, a sensação febril é identificada quando a temperatura passa de 38ºC para 39ºC. Como a temperatura média do Planeta é de 15ºC, a oscilação pode provocar estragos consideráveis.

O desafio, disse, é ligar hoje um alerta sobre as consequências que devem causar estragos ainda maiores nas próximas gerações. “O setor empresarial percebeu que o aquecimento global é um problema que deve ser solucionado. Não podemos olhar a ideia de sustentabilidade como um fator de restrição dos negócios, mas como um princípio.”

As soluções para a questão, lembrou Azevedo, serão definidas por representantes das nações em 2015, em Paris, durante a Cop 21, a mais importante conferência internacional sobre mudanças climáticas desde Kyoto. “Nosso objetivo é fazer todo o possível para não superar o aumento de 2ºC de temperatura”, disse.

Neste encontro, afirmou, o Brasil terá a chance de assumir o protagonismo do debate sobre as responsabilidades históricas das grandes potências, principais agentes da devastação e da emissão de gases de efeito estufa desde a Revolução Industrial. Para Azevedo, o debate é complexo. Equivale a um navegante ver seu barco afundar e não reagir porque não foi ele quem fez o buraco.

Caso assuma compromissos para reduzir as emissões de gases poluentes, aposta o especialista, o Brasil criará constrangimento entre os outros países, que serão impelidos a fazer o mesmo.

A meta de redução do ritmo do aquecimento é ambiciosa, mas, segundo Azevedo, viável. “Precisamos gerar até 2050 o dobro da energia com metade das emissões.” Como? Com medidas conhecidas da maioria dos cidadãos. “Um terço dessas medidas geram lucro às empresas. Um terço é muito barato. E um terço é só um pouco mais caro. Na média, dá pra fazer”. O especialista cita como exemplo o etanol, as lâmpadas econômicas, a redução do desmatamento, etc. “Com o conhecimento atual, conseguiríamos fazer metade do serviço até 2030.”

 

a última fatia do bolo: o desafio do novo acordo global de clima, com tasso azevedo from instituto cpfl | cultura on Vimeo.

a última fatia do bolo: o desafio do novo acordo global de clima

com tasso azevedo, coordenador geral do sistema de estimativa de emissões de gases de efeito estufa do observatório do clima e curador do blog do clima

segundo o ipcc as emissões globais de gases de efeito estufa já alcançaram 50 bilhões de toneladas em carbono equivalente (gtco2)  por ano e esta é a principal causa das mudanças climáticas e o aquecimento global. para limitarmos em 2oc o aumento da temperatura até o final do século será preciso limitar as emissões em 1000 gt. como dividir este limite de emissões? como dividir a conta? quais as reais possibilidade de promover o desenvolvimento e bem estar com estes limites? quais as ações e transformações que necessariamente deverão ocorrer ao logo dos próximos nos de modo há evitar sucumbirmos a mudanças climáticas extremas?

gravado em 14 de agosto de 2014.