Transformando dor em alegria, com Isabel Fortes (versão tv cultura)
“Aceitar a dor não é resignação”
No Café Filosófico CPFL “Transformando dor em alegria”, a psicanalista Isabel Fortes analisa os diferentes modos de encarar o sofrimento.
Aceitar a dor não é resignação. Aceitar a dor é poder acolher a vida com dor, com alegria, com prazer, com tristeza. Com tudo o que a vida oferece, enfim. Isso não significa, no entanto, fazer uma apologia da dor, uma obrigação do sofrimento. É o que mostrou a psicanalista Isabel Fortes durante o Café Filosófico CPFL com o tema “Transformando dor em alegria”. O programa, gravado em 16 de agosto de 2013, foi ao ar em 13 de julho de 2014, na TV Cultura.
Em sua apresentação, a psicanalista apresentou um panorama teórico, a partir da obra de Sigmund Freud e Friedrich Nietzsche, sobre como as ideias de prazer e sofrimento coabitam dentro do sujeito. “O sofrimento é um ponto central na obra de Freud e Nietzsche. Para Nietzsche, por exemplo, diminuir a capacidade de os homens sentirem a dor é diminuir a capacidades de eles se jubilarem”, disse.
Já para Freud, afirmou, não há cura para a dor, mas diferentes modos de enfrentamento da dor. Na obra freudiana, lembrou Fortes, o entrelaçamento entre a dor e o prazer está presente na noção de corpo erógeno, da experiência do prazer estético e do masoquismo. Ao analisar a ideia de masoquismo, a palestrante citou a ideia de pulsão de vida e de morte na obra do pai da psicanálise. “O masoquismo é a dor e o prazer, que acontece na forma de violência contra a própria pessoa. O sadismo, uma forma de violência contra outra pessoa. Há dor e prazer nos dois casos”
Segundo Fortes, é comum observar na clinica uma espécie de relutância dos pacientes em melhorar. “Eles têm um apego àquele sofrimento. O sofrimento traz uma zona de conforto. Serve para que eles sejam mártires, para que se sintam fortes, com uma certa superioridade. Eles sentem que pode atravessar essas dores”. A dificuldade é conseguir olhar a dor sem se vitimizar nem culpar outras pessoas pela dor. “A psicanalise trata da dor, mas não oferece uma cura para a dor. Para Freud, a psicanalise deveria retirar o sujeito do sofrimento neurótico para inseri-lo no sofrimento humano.”
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