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sorria, você está sendo vigiado – a angústia na era dos reality shows

Em tempos de reality show e exposição pública de intimidade, o interesse em mostrar-se criou uma sociedade “extremamente exibicionista” e reforçou o aspecto negativo da vergonha, cada vez mais relacionada à autoimagem e menos a valores coletivos. O resultado é o surgimento de indivíduos angustiados por se sentirem permanentemente vigiados e por terem de se mostrar “genuínos” e “bem-sucedidos” o tempo todo. A análise foi feita pelo psicanalista e psiquiatra Julio Verztman, professor da UFRJ, durante o Café Filosófico CPFL sobre “Culpa e vergonha na atualidade”. O debate fez parte da série “O sofrimento humano nos tempos atuais”, realizada em maio sob curadoria da psicanalista e professora da UFRJ Regina Herzog. “A pessoa envergonhada, a pessoa tímida que não consegue se expôr, é desvalorizada no mundo em que a gente vive”, afirmou Verztman em sua apresentação. “Essa experiência de ‘sorria, você esta sendo filmado’ produz pessoas o tempo todo em estado de alerta, e angustiadas. Elas estão permanentemente embaraçadas porque sabem que o outro pode olhar para ela.” Segundo ele, “as pessoas têm vergonha se têm espinha na cara, se não tem uma performance melhor em público, se o outro tem uma camisa mais bonita. A vergonha está cada vez mais relacionada à imagem, e a como essa imagem se distancia da imagem dos outros”. Confira a íntegra do debate abaixo:
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