setembro: continuação do ciclo de conversas entre bach e villa
Em setembro:
Ciclo virtuoso: de Bach a Villa-Lobos (e vice-versa)
com curadoria de João Luiz Sampaio e coordenação de João Marcos Coelho.
Nos anos 1930, Heitor Villa-Lobos iniciou o trabalho nas Bachianas Brasileiras. O ciclo tinha como inspiração a música de Bach, ou melhor, a possibilidade de justapor elementos da música folclórica brasileira ao universo do compositor alemão, que ele tratava como “manancial folclórico universal”.
O ciclo se insere em um momento histórico específico – o do neoclassicismo e do retorno às formas do passado que orientou, nos anos 1920, diversos autores, como o russo Igor Stravinsky. Mas as Bachianas extravasaram as condições de seu nascimento. Nelas, afinal, está sintetizada uma questão-chave da criação chamada “erudita” nacional no século XX: como conciliar a relação entre as formas herdadas do passado europeu e o olhar às manifestações regionais na busca por uma linguagem original?
Em pleno século XXI, se a questão permanece, a resposta a ela já não precisa assumir ares definidores de uma estética a ser seguida. Pelo contrário, por trás dela estão múltiplos diálogos possíveis, que apontam acima de tudo para a diversidade de referências que devem ser levadas em conta na compreensão de nossa identidade. Multiplicidade e diversidade que estão representadas não apenas no trabalho dos autores mas também na linguagem pessoal dos intérpretes – e que pautam esse módulo.
A pianista Sonia Rubinsky, que já gravou a integral de Villa-Lobos e hoje se dedica à obra de Bach, explora em seu recital as relações possíveis entre os dois autores, buscando no brasileiro elementos da obra do compositor das Paixões. O duo de voz e piano de Ana Lucia Benedetti e Rafael Andrade, dois jovens expoentes do universo lírico no país repassa o rico universo das canções de arte, gênero em que é evidente a influência da música popular em alguns de nossos principais autores do século XX.
As duas outras apresentações percorrem o caminho contrário. Amilton Godoy e Gabriel Grossi buscam os elementos populares da pesquisa que conduziu Villa-Lobos em seu processo criativo. E, se Villa se debruçou sobre o universo popular para criar obras ditas eruditas, Neymar Dias relê o cânone bachiano a partir das sonoridades da viola caipira, fechando um círculo virtuoso no qual o diálogo, acima de tudo, se traduz em música.
por João Luiz Sampaio.
Confira os concertos de setembro:
16/09 | 20h | Música feita de poesia
É pouco conhecido o trabalho de compositores que, de sólida formação erudita, absorveram a tradição da canção de arte romântica europeia e lhe deram uma nova roupagem, sugerida pela influência da música popular e pelos textos de alguns dos nossos maiores poetas. Confira mais detalhes.
Rafael Andrade | piano
Ana Lucia Benedetti | mezzo-soprano
30/09 | 20h | De Villa a Bach
A conversa entre tradição erudita e música popular se dá sobretudo no dia-a-dia dos intérpretes. É o que faz Neymar Dias, ao recriar na viola caipira obras de Villa-Lobos e Bach, reinventando nossa relação com obras-chave do repertório a partir de sonoridades estimulantes. Confira mais detalhes.
Neymar Dias | viola caipira
Igor Pimenta | contrabaixo
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Sala Umuarama | Entrada gratuita, com retirada de ingresso a partir das 19h (dois ingressos por pessoa).