Café Filosófico

Série inédita de gravações do Café Filosófico CPFL sobre feminismos estreia em maio

Novas mulheres, antigos papéis
Curadoria de Luna Lobão, historiadora, roteirista e curadora.

Diversas foram as transformações sociais e culturais que vivemos com relação às mulheres ao longo da história. Igualdade de gênero, tomada de espaço no ambiente de trabalho, na política, reconhecimento do invisível trabalho de cuidar… são algumas das conquistas e direitos que as mulheres vêm conseguindo à custa de muitas lutas e posicionamentos. As mulheres se reinventam, se repensam, se empoderam. São indiscutivelmente novas mulheres, buscando novos espaços e liberdades. Mas ainda hoje há resistências e obstáculos. Como a sociedade e as instituições têm lidado com tudo isso? Como as próprias mulheres se relacionam no caminho do sucesso? Acreditamos que somos capazes e merecedoras? E ainda: quanto dessas conquistas e desejos são de fato nossas de hoje, e quanto que são sonhos e traumas carregados de nossas antepassadas? Novas mulheres, antigos papéis – curadoria de uma mulher que convida palestrantes mulheres que se propõem pensar na mulher de hoje, na reescrita da história por lentes femininas, nas possibilidades futuras e tudo aquilo que já não cabe mais na questão de gênero.

O Café Filosófico CPFL é o broadcast de reflexões produzido pelo Instituto CPFL em múltiplos formatos, como palestras, lives e programas de televisão.

As gravações são realizadas no estúdio do Café, no Instituto CPFL, que fica na rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, na Chácara Primavera. A entrada é gratuita, por ordem de chegada, a partir das 18h. Os encontros são transmitidos ao vivo no canal do Café no Youtube, e ficam disponíveis no mesmo canal. Inscreva-se no canal do Café no Youtube e ative as notificações para receber conteúdos novos semanalmente.

Encontro 1
02/05 | qui | 19h
De nossas avós às nossas filhas, sonhos e realidade, com Luana Tvardovskas, historiadora.
Nós vivemos os sonhos das mulheres do passado. Mas diante da realidade atual, que sonhos restam para as mulheres do presente e do futuro? Há estudos que mostram que mesmo quando dormem, as mulheres têm mais pesadelos se comparado aos homens, expressando muitas angústias e buscando no universo onírico mais ficções relacionais. Talvez isso se deva a um recurso de elaboração do seu viver próprio, individual, mas que se ampara nos mundos possíveis para as mulheres hoje. Mesmo após décadas de transformações impulsionadas pelos feminismos, no Brasil, alçaram-se conquistas que ainda estão ameaçadas pelo conservadorismo e moralismo de nossa cultura. Ninguém discute que se tenha direito ao divórcio, e até as mulheres mais conservadoras se beneficiam dos resultados das lutas feministas no passado e no presente. Direito ao voto, à educação, ao trabalho. Esses eram alguns dos sonhos que as mulheres do passado sonharam e conquistaram ao longo do tempo. Podemos dizer que esse sonho do feminismo se realizou em plenitude? Até onde uma mulher pode realmente sonhar com sua liberdade, seu prazer, com a transformação das cidades, da política, das relações no trabalho e no âmbito privado? Acreditamos que é possível às próximas gerações de meninas e mulheres uma vida livre? Iremos observar caminhos históricos que percorreram as mulheres, em suas múltiplas experiências, que lhes permitiram, hoje, ter suas vozes mais ouvidas em diferentes áreas da cultura, reinventando antigas práticas e transformando comportamentos. Perguntaremos, também, pelos sinais que coletivamente nos indicam perigos, retrocessos, barreiras culturais, econômicas e sociais para o bem-viver feminino.

Encontro 2
09/05 | qui | 19h
A história oculta das mulheres, com Eliana Rigol, escritora.
Toda mulher é a heroína da própria jornada. Mas sua busca única por propósito acontece num contexto e sociedade em que ela é constantemente comparada – e definida – por valores e padrões masculinos. Examinar nossas biografias femininas a partir da perspectiva da HERstory não contada e suprimida da história oficial é dentre trabalhos, o mais urgente. A mulher moderna quer se libertar e muitas vezes não sabe do quê. Teremos que exercer em nossas vidas pessoais a descida consciente aos porões, nomearmos nossas feridas, apontarmos os predadores para arranjarmos forças para seguir, para colocar o ato de viver com beleza em primeiro plano. Na vida da menina, que cresce vendo a mãe sendo de alguma forma oprimida, calada, não ouvida, exausta e sobrecarregada, a ideia de que o feminino é por si só um peso e uma fraqueza a leva a quebrar com ele como se negasse uma cidadania. A ferida do feminino é tanto maior quanto o peso da mochila carregada pela filha: a mochila da vida não vivida da mãe. Onde está a alma? Como adentrar a floresta, perceber nossa domesticação, e deixarmos nossa ingenuidade para trás? Mística, Mítica e Histórica, somos mulheres transmitindo nossas vivências para nossas filhas e é preciso que examinemos toda costura até aqui. A união das mulheres em sua luta data de muito antes dos movimentos feministas que conhecemos hoje. Desde Maria Madalena, passando pelas bruxas medievais, as mulheres vêm de maneira quase oculta marcando a história da humanidade. De que forma ainda carregamos em nós as nossas antepassadas? Como na vida moderna, corrida e urbanizada de hoje podemos resgatar uma suposta essência natural da mulher? Como as histórias e contos de fadas construíram a mulher de hoje? Precisamos repensar os mitos, tradições e origens pelo olhar feminino.

Encontro 3
16/05 | qui | 19h
Trauma, reparação e potência, com Ediane Ribeiro, psicóloga.
Ao longo do tempo o trauma psicológico foi frequentemente associado a situações extraordinárias que marcam a história de uma pessoa em antes e depois, como violências, acidentes graves ou negligências. Quanto mais a ciência moderna do trauma avança mais o reconhecemos como prevalente entre nós e resultante também de experiências cotidianas facilmente vividas por qualquer pessoa. De adoecimentos nossos e das pessoas que amamos até padrões de relacionamento são muitas as possibilidades de uma pessoa viver um trauma. Quando pensamos no trauma como uma experiência que faz parte da experiência humana, colocamos luz em inúmeras experiências traumáticas que são cotidianamente inviabilizadas. Nesse grupo, destacam-se os traumas históricos e transgeracionais: aqueles que não se localizam apenas na biografia específica de uma pessoa, mas resultam da exposição desta a experiências estressoras em função do grupo ao qual ela faz parte. Quando essas experiências envolvem preconceitos, estereótipos e discriminações que não foram integradas à consciência coletiva, além de vividas, elas são transmitidas de uma geração a outra. Em um recorte de gênero, o trauma histórico e transgeracional atinge cotidianamente as mulheres. Ele se apresenta tanto em formas sutis e quase imperceptíveis quanto em formas explícitas de subjugação. Mas assim como o trauma faz parte da vida, o reparo também faz e a experiência traumática não é uma prisão perpétua. Iluminar os traumas históricos e transgeracionais vividos pelas mulheres é um importante passo rumo às conexões que permitem acessar a potência que pode ter sido escondida pela dor.

Encontro 4
23/05 | qui | 19h
Eu sou uma farsa: a síndrome de impostora, com Gabriela Sayago, psicóloga.
Somos fruto de uma cultura que sempre deixou nós mulheres à margem, que nos dizia que “não estávamos à altura de…”, “não era o nosso lugar”, que “não éramos merecedoras de fato”… tanto que acabamos incorporando em nós esta “não suficiência”. E esta angústia hoje tem nome. Se você é uma mulher e está inserida no mercado de trabalho, há (pelo menos) 75% de chance de ter se sentido uma fraude em algum momento na sua carreira. O fenômeno chamado “síndrome da impostora”, estudado pela psicologia desde 1990, mostra que em situações como promoções, entrevistas, feedbacks, reuniões ou apresentações, a maioria das mulheres lutam com a angustiante sensação de que “serão descobertas” por “não serem merecedoras do cargo que ocupam”. Apesar de comum, esse fenômeno não pode ser considerado normal, precisa ser exposto e trabalhado. A ideia é que o autoconhecimento auxilie na desconstrução do pensamento, restabelecendo a necessária autoconfiança.

Encontro 5
28/05 | ter | 19h
Economia do cuidado, com Maíra Liguori, presidente da ONG Think Olga e co-fundadora da Think Eva.
O trabalho de cuidado é essencial para a humanidade. Todos nós precisamos de cuidados para existir. E, se hoje você é uma pessoa adulta, é porque alguém já desempenhou horas de trabalho de cuidado – e esse alguém é provavelmente uma mulher. Durante a pandemia do novo coronavírus, entendemos o peso e a importância que o cuidado tem em nossas vidas. O acúmulo de funções, a não separação entre a vida profissional e pessoal e a impossibilidade de poder cuidar um dos outros deixou claro que não valorizamos, remuneramos e nem contabilizamos o cuidado em nossa economia, nossa sociedade e em nossas vidas (mesmo ele sendo o maior subsídio para a nossa economia e sociedade). Neste encontro, queremos sensibilizar os participantes para a importância do cuidado em nossas vidas. Entender e visibilizar o cuidado é uma das ferramentas e caminhos para tornar o mundo mais humano e acolhedor.