cafe filosófico

Sensibilidade histórica e a música do século 21

A série de recitais e concertos de abril mostra as afinidades profundas entre a música contemporânea e os artistas da música historicamente informada. Serão três espetáculos na CPFL Cultura em Campinas, com alguns dos mais importantes músicos especializados em instrumentos de época e abordagens históricas do Brasil. "O Futuro do Passado" tem a curadoria do jornalista, escritor e crítico Luís Antônio Giron.

Esses instrumentistas serão convidados a mostrar em palco o parentesco entre a sensibilidade histórica e a música do século 21. Para isso, executarão peças atuais e históricas. Os espetáculos pretendem oferecer momentos de deleite e reflexão sobre a condição da música erudita no século 21. E comprovarão a ligação entre os músicos históricos e a contemporaneidade.

O movimento da música histórica – ou música historicamente informada (MHI) como é denominada atualmente – surgiu no início do século 20 e ganhou força em meados dos anos 1950. Jovens instrumentistas ligados à vanguarda e às escolas de musicologia se uniram para a um tempo romper com a corrente principal da interpretação erudita – herdeira do romantismo – e restaurar a prática de interpretação interrompida no século 18. Tratava-se de mostrar composições esquecidas – pré-românticas – interpretadas com instrumentos de época. Esse impulso aparentemente fundamentalista ganhou tamanha força ao longo das décadas, que colaborou na renovação dos hábitos de execução A partir dos trabalhos pioneiros do cravista holandês Gustav Leonhardt e o maestro austríaco Nikolaus Harnoncourt, novas gerações de instrumentistas históricos se sucederam, numa tradição que já chega a mais de 50 anos.

No Brasil, a música histórica chegou nos anos 60, com os trabalhos dos maestros Aylton Escobar (Cantigas de Santa Maria, de Alfonso X), Georges Olivier Toni (Recitativo e Aria, do compositor baiano Caetano de Melo), Roberto de Regina (que divulgou o cravo pelo país, em instrumentos baseados em modelos históricos que ele próprio construiu) e o grupo paulista Musikantiga, liderado pelo cravista e musicólogo Paulo Herculano e pelo flautista Ricardo Kanji. O Festival de Música Colonial Brasileira de Juiz de Fora, a partir dos anos 80, ajudou a consolidar os novos talentos. Hoje, o país conta com músicos como o violinista Luiz Otávio Santos e os cravistas Regina Lanzelotte, Marcelo Fagerlande e Nicolau de Figueiredo.

Luís Antônio Giron – curador

Jornalista, escritor e crítico. Doutor em Artes Cênicas e Mestre em Musicologia pela USP. É Editor de Cultura da Revista Época. Desde 2005, apresenta, produz e redige o programa A Voz Popular e tem a coluna Ponto Forte no programa Estação Cultura, ambos na rádio Cultura AM/FM. Trabalhou na Ilustrada, da Folha de S. Paulo, Veja, Caderno 2 de O Estado de S. Paulo, Caderno Fim de Semana da Gazeta Mercantil e Revista Cult. Assinou colunas nos sites Submarino e American Online. Autor dos livros Ensaio do Ponto (Editora 34, 1998), Mario Reis, o Fino do Samba (Editora 34, 2001), Minoridade Crítica (Ediouro/Edusp, 2004), Teatro Completo de Gonçalves Dias (Martins Fontes, 2004) e Até Nunca Mais Por Enquanto (Record, 2004). Prepara dois livros: A Bacanal do Espírito – Gonçalves Dias folhetinista e Ópera Nacional – um sonho em vernáculo.

Serviço

Datas: 4, 18 e 25 de abril, às 20h.
Ingressos: gratuitos, com distribuição uma hora antes de cada apresentação.
Informações: Em nossa programação ou pelo telefone (19) 3756-8000.