Música

#retrospectiva 2017: mosaico, tirando um “selfie” da(s) música(s) contemporânea(s)

com curadoria de thaís nicolau, pianista.

os concertos, sob o guarda-chuva geral de mosaico, funcionam como um quebra-cabeças que, uma vez inteiramente montado – o que deverá acontecer após o último concerto de 2017 -, resulta num admirável “patchwork” muito presente em nosso dia-a-dia. a palavra se aplica a algo formado com retalhos de tecidos – uma almofada, uma colcha, uma cortina.

pois se fosse possível tirar um “selfie” da música contemporânea, ele mostraria um patchwork. nele cabem tendências aparentemente contraditórias. mas é de contradições que se forja a realidade artística. assim, de um lado proveta e hércules gomes brincam com o erudito e o popular, mostrando-os com o mesmíssimo dna. de outro, o violonista álvaro henrique e a pianista karin fernandes mostram como os criadores musicais de hoje estão antenados com o turbulento e difícil momento político atual. em “brasília 50”, jorge antunes mistura o violão com falas históricas da história recente do país no último meio século; e ao tomar a melodia da mais famosa canção de luta e resistência às ditaduras latino-americanas dos anos 70, as variações sobre o povo unido jamais será vencido , rzewski compôs um dos grandes ciclos de variações da história da música, quem sabe ao lado das variações goldberg de bach e das variações diabelli de beethoven.

um selfie desses não estaria completo se não incluísse a música minimalista de philip glass e uma estreia mundial de obra do brasileiro ricardo tacuchian, no concerto do quarteto radamés gnattali; sem contar as criações mais recentes de michelle agnes, uma das mais promissoras compositoras brasileiras da atualidade.

ouça os encontros da série:


choros de guerra-peixe

intérprete: picadinho da velha
data de apresentação: 08/04/2017
compositores: césar guerra-peixe, nailor proveta
gênero: choro

o primeiro concerto da série mosaico apresenta o lado popular e pouco conhecido do maestro césar guerra-peixe através de suas composições de choro. o repertório, recolhido a partir do original no acervo jane guerra-peixe, conta com arranjos de jayme vignoli e direção musical e participação especial de nailor proveta.

 ouça:


piano brasileiro

intérprete: hercules gomes
data de apresentação: 29/04/2017
compositores: ernesto nazareth, hercules gomes, radamés gnattali, senival bezerra do nascimento, marcello tupynambá, chiquinha gonzaga, joão bosco, dominguinhos, laércio de freitas, nelson ferreira, antônio sapateiro
gênero: piano solo

com repertório de composições próprias e músicas de grandes compositores brasileiros como ernesto nazareth, radamés gnattali, joão bosco, e dominguinhos, o pianista hercules gomes oferece um programa que ilustra a evolução da linguagem pianística brasileira nos últimos 150 anos.

 ouça:


permeando os sentidos

intérprete: quarteto radamés gnattali
data de apresentação: 13/05/2017
compositores: philip glass, ronaldo miranda, ricardo tacuchian
gênero: quarteto de cordas

neste concerto, o quarteto radamés gnattali apresenta obras que transitam entre os universos sensoriais, explorando a conexão do visual com o auditivo e experimentando com as nuances da sonoridade e seu poderes descritivos, de atemporalidade e imersão imaginativa.

ouça:


brasília capital & política

intérprete: álvaro henrique
data de apresentação: 27/05/2017
compositores: louis moreau gottschalk, mário ferraro, jean goldenbaum, jorge antunes, heitor villa-lobos
gênero: violão solo

com um programa que discorre musicalmente sobre os acontecimentos marcados na história da capital do país, o violonista alvaro henrique apresenta obras que geram reflexões sobre a transformação da representação artística da cidade de brasília e abrem uma discussão para a situação politica atual e a função da música nesse cenário.

 ouça:

rzewski

intérprete: karin fernandes
data de apresentação: 24/06/2017
compositor: frederic rzewski
gênero: piano solo

grande parte da obra do compositor americano frederic rzewski reflete sua intenção de unificar a linguagem politica e musical. nesta obra, uma das mais impactantes obras do repertorio pianístico, rzewski se baseia no tema popular chileno intitulado “el pueblo unido jamás será vencido” de sergio ortega e em forma de variações representa a transformação da população ao passar por uma revolução social, mostrando momentos de instabilidade, oportunidades de reinvenção e criação de um novo amanhã.

ouça: