CPFL Jovem geração

Ralf e Sinval comemoram primeira convocação para a seleção brasileira

Atleta e treinador estarão juntos no Sul-Americano de Atletismo no Equador

Diz o ditado que a primeira vez a gente nunca esquece. Imagina então o sentimento de atleta e treinador sendo convocados juntos para a seleção brasileira no Sul-Americano de Atletismo. É o que aconteceu com dois representantes da ORCAMPI, entidade que conta com patrocínio da CPFL Energia por meio de parceira com o Instituto CPFL: Ralf Rei de Oliveira, do lançamento de martelo, e Sinval Oliveira, treinador da equipe desde 2010 e que antes foi atleta desde a primeira turma, em 1997.

Os dois foram convocados para o Sul-Americano Adulto de Atletismo, em Guayaquil, no Equador, entre os dias 29 e 31 de maio, e que será uma nova oportunidade para obtenção dos índices exigidos para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Tanto Ralf quanto Sinval, que trabalham juntos há uma década, estarão pela primeira vez na seleção e vivenciando esse momento especial.

“A classificação para o Sul-Americano Adulto é um grande momento na minha carreira, sem dúvida, e terei a oportunidade de estar junto com o meu treinador, o que será muito importante. Estou muito feliz de ter essa experiência, superar muitas dificuldades e será um prazer demonstrar o que eu faço de melhor”, vibra Ralf.

Sinval, Ralf e Vanderlei Cordeiro de Lima (2014)

O treinador também não esconde a felicidade pelo reconhecimento e, mais ainda, por estar com seu atleta numa competição importante. “Fiquei feliz com a primeira convocação como treinador, já tive outros atletas em seleção, inclusive em Jogos Pan-Americanos, mas sempre ficava na expectativa de ser convocado para a seleção”, afirma.

“Isso vem coroar o trabalho. Foi uma felicidade enorme para todos, para o Ralf e para mim. Antes de ser meu atleta, ele foi meu companheiro de grupo de prova, treinamos juntos por um período. E hoje na minha primeira seleção como treinador, ser uma seleção adulta e a dele também, é muito gratificante”, ressalta Sinval.

Sinval conta que Ralf era o único atleta do seu grupo que não havia sido convocado em nenhuma das categorias. “Ele se mostrou resiliente esse tempo todo, treinando, acreditando, um cara bem amigo de todos na equipe, conseguir essa classificação para o Sul-Americano Adulto mostra o tanto que você tem que acreditar no caminho. Pode demorar um pouquinho, mas dá certo”, exalta o treinador.

Primeiros passos de Sinval como treinador.

Os dois trabalham juntos desde 2011 – Ralf ainda era juvenil e Sinval iniciando como treinador – e construíram juntos essa trajetória. “Ele treinava com o professor Zé Vicente, que não era específico de arremessos e lançamento, era de provas combinadas. Quando eu passei a ser treinador a qualidade técnica melhorou. Apesar de eu estar começando, já estava com olhar específico para aquilo”, recorda Sinval.

“E a gente foi tendo resultados, se classificando, ganhando medalhas em Brasileiros Juvenis, Sub-23 e o objetivo sempre foi melhorar a marca. Eu costumo dizer que o resultado e a medalha são consequências, as marcas ninguém pode tirar da gente. Isso foi acontecendo no começo e dando cada vez mais motivação para continuarmos”, afirma o treinador.

Segundo Sinval, para melhorar o desempenho de Ralf o mais trabalhado foi a rotina. “Colocar na cabeça que é possível ser um atleta de alto rendimento. Porque o treino você planeja e vai dando andamento. Eu acho que a maior transformação tem que ser interna, você acreditar que é possível, para que você possa ter habilidade para concluir o treinamento, mesmo em dias ruins. Você precisa de sabedoria para conseguir concluir a sessão de treinos e saber que está dentro de um objetivo maior. A cabeça acreditar que pode ser grande é uma coisa que sempre estamos trabalhando”, conclui.

Além da dupla Ralf e Sinval, a ORCAMPI terá mais nove representantes na seleção brasileira que disputará o 52º Campeonato Sul-Americano Adulto de Atletismo – sete atletas: Tiffani Marinho (400 metros e revezamento 4×400 misto); Valdileia Martins (salto em altura); Isabel Quadros (salto com vara); Lidiane Cansian (disco); Fernando Ferreira (salto em altura); Bruno Spinelli (salto com vara); e William Braido (peso); o treinador Dino Cintra; e o médico Dr. André Luis de Andrade.

Ralf é símbolo de perseverança no esporte

Ainda comemorando a sua primeira convocação para a seleção brasileira, Ralf Rei de Oliveira relembra sua história no esporte, totalmente ligada à ORCAMPI.  Ele integra a equipe desde fevereiro de 2009 e destaca em sua história o exemplo do ídolo Vanderlei Cordeiro de Lima, herói e medalhista olímpico que é padrinho e idealizador da ORCAMPI.

Nesse tempo passou por todas as etapas do aprendizado da equipe até o alto rendimento, para figurar entre os melhores do Brasil no lançamento de martelo. Ele mesmo fala da perseverança no esporte, tendo êxito agora com a primeira convocação para a seleção brasileira.  “O atletismo era um esporte diferente, nunca tinha ouvido falar, a não ser do Vanderlei (Cordeiro de Lima), que foi medalhista olímpico em 2004, e gostei muito por abranger diversos biotipos, pessoas”, lembra.

“Qualquer um podia participar e integrar uma equipe e fazer esporte que ia acolher nas diversas particularidades de cada um. Em outros esportes não é assim. No meu caso, por exemplo, que sou mais gordinho eu não me daria bem. No atletismo consegui me integrar nesse sentido”, ressalta Ralf.

Ele conta que para superar as adversidades teve dois exemplos de vida, que o motivaram e sabe que hoje é ele que serve de inspiração para novos valores. “Me espelhava bastante no Vanderlei e no meu pai, que me apoiava a todo momento, desde o início até o fim da vida dele. Hoje, como inspiração para os mais jovens, eu me sinto muito feliz em poder passar um pouco da minha experiência, do que eu vivi, do que eu vivo, com todas as dificuldades do esporte. Eu me sinto muito feliz. É um grande prazer poder demonstrar o que eu faço melhor”, comenta.

Ele lembra de suas conquistas na carreira, mas em especial da participação no Troféu Brasil 2018. “Não conquistei medalha, fui 5º colocado, mas depois de uma lesão semanas antes da competição, eu consegui ter um resultado legal. Foi um grande momento na minha carreira”, recorda o atleta, também enaltecendo suas vitórias fora do esporte.

 

“Poder constituir uma família, que para mim é muito importante e sempre foi um sonho, e o aprendizado da vida, que a gente tem, que o atletismo proporciona. Ter conhecimento e nível superior também foi uma grande oportunidade”, fala Ralf.

Mais do que ser atleta de alto-rendimento, ele destaca que o esporte o ensinou a ter garra, determinação e perseverança. “Em um momento que você tem muitas dificuldades, você pode usar o esporte como ferramenta para a sua vida, para você trilhar um caminho de sucesso”, argumenta.

Para este ano, Ralf divide suas expectativas dentro e fora da pista. Ele revela que desde o ano passado começou a trabalhar com automóveis, dividindo o seu tempo com seus treinos. “Trabalho hoje na oficina com o meu cunhado, na parte da estética automotiva e da mecânica. Estou com esse projeto novo e quero dar continuidade no meu sonho. Então tive que fazer ajustes nos treinamentos, que coincidiram com a pandemia”, explica.

“Já estava indo treinar mais cedo para evitar aglomerações e manter o distanciamento social. E consegui manter o rendimento quando a gente estava em lockdown, com tudo fechado. Estávamos fazendo o treinamento em casa e depois ia trabalhar. Hoje consigo treinar mais cedo e depois vou para a minha segunda atividade que é o trabalho”, relata Ralf. Ele também tem outro objetivo para o futuro. “Falta um semestre para terminar a Faculdade de Educação Física e vou finalizar ainda. Quero estar preparado para o futuro”, completa.

   

Sinval, de atleta a treinador na ORCAMPI

Ele foi atleta na primeira turma da equipe em 1997, passou pela seleção brasileira e em 2010 se tornou treinador, construindo uma história exemplar no Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima e na ORCAMPI. Sinval Oliveira estudou, se preparou, foi professor e hoje é treinador de arremessos e lançamentos, comemorando mais um grande momento na sua trajetória, com a primeira convocação para integrar a seleção brasileira.

“Eu participei da equipe como atleta desde os nove anos de idade, passei por todas as rotinas possíveis tanto de formação, de aprendizado, construção de caráter, também participei de competições nacionais, regionais, consegui chegar no alto-rendimento como atleta, participar de seleções”, conta.

Hoje, como treinador, ele passa um pouco dessa experiência para as crianças de pista. “Toda a vivência de treinos e campeonatos é muito gratificante. Mostra que aquele esforço lá atrás, todo aquele caminho percorrido valeu a pena”, argumenta.

Para chegar à nova fase na vida, como treinador, Sinval se preparou, mantendo os estudos paralelamente à carreira de atleta. “Fiz colégio técnico e cheguei a faculdade. Quando terminei os estudos despertei o interesse em participar do grupo de professores da Escola de Formação do IVCL e em um ano já estava trabalhando com atletas que tinham um pouco mais de aptidão à prática esportiva. Com a saída do treinador de arremesso e lançamentos fui convidado a trabalhar com esse grupo de provas assim comecei a me especializar na área”.

Como atleta, Sinval conta que o começo foi sem pretensão, mas conseguiu alcançar o alto-rendimento. “Frequentava para estar junto com os meus amigos. Era uma como se fosse uma brincadeira e assim as coisas foram acontecendo. Penso que consegui aproveitar as oportunidades que tive até aqui”, avalia.

 

Entre seus principais resultados estão o segundo lugar no Sul-Americano Menor, o sétimo no Mundial Menor, o quarto no Pan-Americano Juvenil e o terceiro no Sul-Americano Adulto. Ele também destaca a participação no Campeonato Mundial Menor no Canadá. “Foi muito marcante, pois ali vi que o esporte poderia me levar a lugares que eu jamais poderia imaginar”, diz.

“Um outro momento espetacular foi quando entramos no Estádio Olímpico no Rio de Janeiro com o Vanderlei Cordeiro de Lima. Tentamos sentar em uma área comum da arquibancada e logo após alguém o reconhecer, começaram a gritar em coro Uh é Vanderlei, Uh é Vanderlei”, reforça o treinador.

Sinval fala com orgulho de participar da história da equipe há mais de 20 anos. “Confesso que quando começo a conversar com amigos, vejo que é uma situação meio que inusitada, pois nesses 20 anos a equipe já desenvolveu grandes e atletas e formou ótimos cidadãos e nessas idas e vindas ainda permaneço aqui. A ORCAMPI, com certeza, é uma extensão da minha vida’, completa.

(Fotos divulgação/ORCAMPI)