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Pirataria é tema de debate na “Retrospectiva FIC 2008”

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A mesa-redonda da “Retrospectiva FIC 2008” em Campinas foi marcada pela discussão do tema do preço do cinema e as relações com a pirataria. Sob o comando do crítico de cinema Inácio Araújo, que também é curador da mostra, o professor Francisco Foot Hardman e o cineasta Carlos Reichenbach discutiram a produção nacional de filmes.

– Confira trailers comentados dos filmes da mostra

– A palavra do curador

Francisco Foot Hardman, professor titular do Departamento de Teoria e História Literária da Unicamp listou e comentou os sete filmes presentes na retrospectiva para mostrar a diversidade da produção nacional. Segundo ele, existe “uma dificuldade de estabelecer rótulo e uma classificação” dos filmes brasileiros e que os filmes atuais possuem um recorte inovador. Pegando como exemplo desta nova representação do país, o professor citou os filmes Serras das Desordem e Terra Vermelha. “O que nós temos é a incomoda sobrevivência de certas etnias em função da expansão das identidades brasileiras.”

Falsa Loura, de Carlos Reichenbach, também foi citado como um exemplo de cinema que está perto da realidade brasileira. “O cinema tem que ter uma visão internacionalista com uma diversidade que aproxima”, concluiu Foot Hardman.

Em sua apresentação, o curador Inácio Araújo falou sobre o pouco espaço que tiveram nos cinemas os filmes selecionados para a mostra. “A função da obra de arte é provocar deslocamento e cada um desses filmes fez isso em mim”, afirmou o crítico ao justificar a seleção. Araújo também citou Reichenbach, creditando a ele um pouco de sua atual visão crítica. “O Carlão praticamente me ensinou a ver cinema.”

O diretor de Falsa Loura levantou o tema da pirataria, que pautou grande parte da mesa-redonda. Reichenbach lembrou que o cinema já foi uma opção de diversão para a classe baixa. “Custava uma passagem de ônibus”, comparou. Hoje, com os altos custos, muitos recorrem à pirataria como opção. “Filme é para ser visto. Eu compartilho filmes, inclusive dos outros”, afirmou o diretor ao admitir que ele mesmo recorre à internet como meio de ver as produções.

O cineasta lembrou a década de 60 e 70, quando ele chegava a ver até três filmes em uma mesma sessão. “A magia do cinema é descobrir pepitas onde você não pode encontrar e isso se perdeu com o custo do ingresso”. O crítico Inácio Araújo também salientou o papel benéfico que tem as cópias piratas. “Bendita pirataria que permite que os filmes cheguem a tantas pessoas.”

A “Retrospectiva FIC 2008” em Campinas segue até o dia 31. Todas as exibições têm entrada gratuita, com distribuição de ingressos no local, uma hora antes do início. A CPFL Cultura em Campinas fica na rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, bairro Chácara Primavera. Mais informações pelo telefone .