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Para entender o futuro do corpo e da saúde: filosofia e psicanálise

Há duas imagens do corpo na contemporaneidade.

Por um lado, um corpo ideal, que serve como modelo e valor padronizado, oprimindo democraticamente todos nós, sem diferenciação de classe, gênero ou raça, na forma de um imperativo da felicidade, da saúde, da beleza e da juventude. Seus efeitos? Bulimia, anorexia, botox, fast-food, reality shows, banalização dos psicofármacos, altos índices de ansiedade e depressão, obesidade e doenças degenerativas ditas “de civilização”.

Por outro lado, há também uma busca de saúde, beleza e jovialidade não ideais nem a qualquer preço, mas no sentido de uma valorização do corpo em sua potência própria e singular, como um corpo pensante e sensível, na forma de uma aceitação de que somos parte da natureza, de que dependemos do ambiente que nos cerca. Seus efeitos? Uma maior valorização do condicionamento físico, da alimentação saudável, do cuidado com o planeta, e da ecologia do homem inserido na natureza.

Em que mundo vivemos? Num mundo de aparências, do corpo perfeito, da juventude eterna, da obrigação de estarmos sempre bem, sempre sarados, sempre com tudo em cima, sempre apolíneos? Apolo e Narciso se confrontam ferozmente à longa hegemonia de Sócrates e Platão. Todavia, nosso mundo é também e cada vez mais o de um Dioniso artístico.
O que há em comum a essas duas contemporaneidades é o mesmo solo epistêmico de valorização do corpo e da natureza, como também da saúde. Em que mundo queremos viver? Isso depende de uma sintonia, de uma atitude, de uma compreensão e de uma prática. Optaremos pela falta, isto é, pela busca irrefreada de uma suposta abundância? Ou pela potencialização do que somos e podemos ser, desenvolvendo-nos criativamente?

Neste módulo, filósofos e psicanalistas antenados com a contemporaneidade procurarão questionar que corpo e que saúde queremos.