outubro: improvisos e influências na música instrumental brasileira
Improvisos e influências: a música instrumental brasileira em grande fase
texto por Carlos Calado, curador deste módulo
Diferentemente da cena da canção popular brasileira, que durante a última década tem se mostrado (com raras exceções) pouco inspiradora, a música instrumental criada em nosso país não só se renovou como vive neste século um período de produção intensa, diversificada e de alta qualidade.
Há quem prefira chamá-la de jazz brasileiro, já que se trata de uma vertente musical que utiliza com frequência o recurso inventivo da improvisação. Aliás, a influência do jazz tem se manifestado em nossa música instrumental, em maior ou menor medida, desde as primeiras décadas do século 20: de sambas e choros do pioneiro mestre Pixinguinha (1897-1973) à hoje cultuada obra do maestro e compositor Moacir Santos (1926-2006), que se radicou nos Estados Unidos.
Assim como nossa música instrumental desenvolve há décadas diálogos com o choro, com o samba e a bossa nova, sem falar nos ritmos regionais brasileiros, entre suas influências também está a da música erudita, tanto a clássica como a contemporânea. Essa profusão de referências caracteriza os quatro concertos desta série, que destaca alguns dos mais talentosos músicos e grupos da cena atual da música instrumental brasileira.
Carlos Calado é jornalista, editor e crítico musical, com mestrado em Artes pela USP. Atualmente colabora com os jornais “Folha de S. Paulo” e “Valor”, além de manter o blog Música de Alma Negra. É autor dos livros “Tropicália: a História de Uma Revolução Musical”, “O Jazz Como Espetáculo” e “Jazz ao Vivo”, entre outros. É editor e autor de coleções de CDs-livretos lançadas pela “Folha de S. Paulo”, como “Lendas do Jazz”, “Tributo a Tom Jobim” e “Grandes Vozes”. Foi curador de vários projetos musicais para o SESC SP.
Confira os concertos de outubro:
07/10 | 20h | Relendo o passado com os olhos do presente
O trio do contrabaixista e compositor paulista chamou atenção em 2015 com o álbum “Choroso”, no qual aborda o choro com a linguagem do jazz moderno. Agora, à frente de um quarteto, Paiva esboça novas releituras desse gênero instrumental brasileiro, incluindo composições inspiradas na obra de Irineu Batina (1863-1914), professor de Pixinguinha. Confira mais detalhes.
Marcos Paiva Quarteto: Cesar Roversi (sax tenor, soprano e clarinete), Enrique Menezes (flauta), Bruno Tessele (bateria) e Marcos Paiva (contrabaixo, composições e arranjos).
21/10 | 20h | Misturando o erudito com o popular
Com quatro discos lançados, o quinteto paulista tem construído um repertório que mistura música erudita contemporânea, música instrumental brasileira e jazz de vanguarda, com muita improvisação. Confira mais detalhes.
PROJETO B: Yvo Ursini (guitarra), Leonardo Muniz (sax alto e tenor), Amilcar Rodrigues (trompete e flugelhorn), Maurício Caetano (bateria) e Henrique Alves (baixo).
Sala Umuarama (162 lugares). Entrada gratuita, por ordem de chegada, a partir das 19h. Vagas Limitadas (dois ingressos por pessoa).