os desafios do relacionamento entre instituições privadas e o setor público, com milton seligman e pedro dallari (íntegra)
Os desafios do relacionamento entre instituições privadas e o setor público foram o tema do debate que reuniu, no dia 18 de novembro, o ex-ministro da Justiça Milton Seligman e do jurista Pedro Dallari durante o programa Invenção do Contemporâneo da CPFL Cultura. A mediação do encontro foi feita pelo vice-presidente Jurídico e Relações Institucionais da CPFL Energia, Luiz Eduardo F. do Amaral Osorio.
No encontro, os debatedores disseram ser legítimo que empresas privadas se relacionem com o poder público. “Quem gera riqueza são as empresas”, afirmou Seligman.
O problema, afirmaram, é quando estas relações acontecem com base no patrimonialismo, sem transparência, sem ações registradas ou ritos previstos.
Essa indefinição, muitas vezes, produz uma série de suspeitas sobre esta relação, sobretudo quando é investigada a proximidade da iniciativa privada com o poder público via doação de campanha. Para Seligman, no entanto, é impossível imaginar que em um país como o Brasil o Estado possa financiar as campanhas políticas. Dallari, por sua vez, disse ser difícil estabelecer até que ponto a influência das empresas na política é positiva para a economia.
Para Dallari, investigações como as da Lava Jato demostram o fortalecimento das institucoes no Brasil. “Em poucos países do mundo pessoas ligadas ao governo estariam sendo investigadas como são aqui. A independência do Judiciário no Brasil é algo positivo.”
Ele ressaltou que as soluções para os problemas da democracia não acontecerão fora da democracia. “Não há bala de prata que resolva todos os problemas. A democracia é um processo permanente de participação.”
Segundo Dallari, hoje sociedade começa a se organizar mais para monitorar a atuação dos governos. “Essa desconfiança é positiva”, disse.
Um exemplo citado pelo ex-presidente da Comissão Nacional da Verdade foi a Lei de Acesso à Informação, que permite a qualquer pessoa o acesso a documentos públicos. “A autoridade deve tomar mais cuidado.”
Segundo Seligman, é preciso observar o tripé de sustentabilidade da empresa. “Ela não pode ser deficitária para a sociedade.” Ele afirmou, porém, que o grau de demonização de quem se relaciona com o poder público é preocupante. De acordo com o ex-ministro, as empresas estão cada vez mais preparadas para prestar esclarecimentos de suas atividades. “As empresas precisam estar preparadas para atender requisitos legais. Isso envolve treinamento das pessoas.”
“As empresas deverão observar critérios sobre trabalho, práticas inadequadas, atender exigências ambientais. O dano de imagem pode ter uma consequência grave para as empresas, sobretudo na era das redes sociais”, completou Dallari. “Não podemos ser arautos da moralidade dos outros e não da nossa.”
Seligman ressaltou o protagonismo cada vez maior da sociedade civil sobre o relacionamento com as empresas. “O conjunto das empresas precisa ser ouvido na questão do aquecimento global”, citou.
Confira no link abaixo a íntegra do encontro:
os desafios do relacionamento entre instituições privadas e o setor público, com milton seligman e pedro dallari from cpfl cultura on Vimeo.