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“Operar o Sistema Interligado Nacional com segurança e ao menor custo tem sido um desafio cada vez maior para o ONS” afirmou Hermes Chipp, em palestra na CPFL Cultura

Os desafios da operação do sistema elétrico brasileiro foram apontados pelo diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, no programa Invenção do Contemporâneo, na CPFL Cultura, em Campinas, na noite da última quinta-feira (23/08). O encontro, aberto ao público, teve transmissão online pelo www.cpflcultura.com.br

“A base da matriz energética do Brasil, que está no aproveitamento de seu grande potencial hídrico, por meio de usinas com reservatórios e capacidade de regularização plurianual, e que garantiu que o país crescesse nas últimas três décadas, vem sendo substituída por novos conceitos, voltados aos parâmetros de sustentabilidade”, afirma Chipp.

Segundo o convidado, para o crescimento da demanda, para o aumento das restrições hidráulicas e para a redução gradativa da regularização plurianual dos reservatórios, faz-se necessária a busca por alternativas viáveis. Já neste século, inicia-se no Brasil a discussão sobre as energias renováveis não convencionais, como biomassa, eólica e solar.

“Operar o Sistema Interligado Nacional com segurança e ao menor custo tem sido um desafio cada vez maior para o Operador Nacional do Sistema Elétrico. E a tendência é de que os desafios sejam ainda maiores”, atesta.

Chipp adiantou que a complexidade da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) vai aumentar sobremaneira na próxima década. E o ONS terá grandes desafios pela frente. “Para enfrentá-los”, observa, “o Operador Nacional deverá manter o foco na inovação de produtos e processos associados ao aumento da segurança elétrica e energética; às novas tecnologias aplicáveis a sistemas de transmissão de energia elétrica, aos sistemas de controle e novas tecnologias de Centro de Controle; aos impactos de eventos climáticos na rede elétrica; à matriz energética com expansão de fontes renováveis, com a inserção de novas tecnologias; e à formação e qualificação de profissionais.”

Em sua exposição, Hermes Chipp apontou características do setor no passado, desde as primeiras interligações, a unificação das frequências no sul do país, que demorou de 1968 a 1980, a criação dos organismos colegiados (CCOI, GCOI, CCON, GTON), a entrada em operação de Itaipu, em 1984, entre outras.

Qual o legado dessa época para hoje? Chipp aponta: “conhecimento sobre otimização, com desenvolvimento de modelos computacionais adequados ao sistema brasileiro e conhecimento sobre processos (embrião para procedimentos de rede), experiência sobre trabalho integrado, criação de uma rede de relações de confiança entre os participantes”.
O especialista destacou, ainda, os grandes blecautes, ocorridos em 1999, 2002, 2005, 2009 e 2011, e apontou as mudanças de paradigma com a criação do ONS. Mudanças estas que vieram com os desafios: “Tivemos que provar sua competência; ter transparência, equidade e neutralidade; uma sistematização dos processos, e trocar o pneu com o veículo em movimento”, brincou.
A respeito da integração da geração eólica, Chipp mencionou os aspectos que estão sendo estudos pelo ONS com apoio de consultores e universidades. “Previsão de vento e dimensionamento quali-quantitativo da reserva de potência, localização das usinas em pontos onde a rede elétrica é fraca, comportamento dinâmico das unidades geradoras eólicas em situações de perturbações no sistema elétrico”.