Novo papel do Estado no mundo pós globalizado
O módulo tratará dos problemas postos para a operação do Estado pelo processo de globalização e as crises que o têm marcado.
A discussão começará com o exame da emergência e consolidação do Estado, na época moderna, no âmbito nacional. A ênfase estará em como o desenvolvimento do Estado-nação moderno se liga com o desenvolvimento do capitalismo no pós-Renascimento europeu e no exame dos diferentes aspectos que se articulam no processo: a dimensão cultural ou simbólica da nacionalidade, que alguns chamam o problema da “identidade”; a dimensão burocrática ou administrativa, ou o problema da “autoridade”, envolvendo a edificação da aparelhagem do Estado que venha a ser capaz de superpor-se com eficácia à coletividade tanto em sua dimensão geográfica quanto em sua dimensão propriamente social e de impor-se como foco de decisões relevantes; e a dimensão do problema da “igualdade”, em que se trata do problema “constitucional” da incorporação social e política da generalidade da população, com destaque para os estratos populares e para os experimentos de tipo socialdemocrático e o estado de bem-estar. Salienta-se aí a tensão envolvida no convívio da liberdade própria da vigência do princípio do mercado, que o capitalismo afirma, com os fatores novos de desigualdade trazidas pelo próprio capitalismo.
As discussões seguintes destacarão o fato de que a globalização traz peculiar disjunção entre esses aspectos: a identidade continua referida às coletividades nacionais, mas os mecanismos globalizados e transnacionais da globalização e da nova economia, além de favorecer a derrocada do socialismo, produzem o comprometimento da eficácia dos Estados nacionais tanto como instrumentos de administração econômica quanto como agentes de políticas sociais igualitárias. A avaliação das perspectivas que se abrem será feita com atenção, diante do pano de fundo da derrocada do socialismo, para as vicissitudes do estado de bem-estar e da socialdemocracia, de um lado, e, de outro, para as crises crescentes do novo modelo liberal que chegou a ser saudado como o “fim da história”.