Café Filosófico

Nova série de gravações do Café Filosófico CPFL sobre o amor estreia em abril

Desafios e possibilidades do amor contemporâneo
Curadoria de Renato Noguera e Carol Tilkian

Poucas coisas conectam tanto as pessoas quanto o amor. O amor é tema de músicas, tema de livros, de conversas de bar e de terapia. Não existe uma pessoa que não tenha questões amorosas e que não queira ser feliz no amor, mas, paradoxalmente, em um momento no qual existem cada vez mais possibilidades de amor, ele parece cada vez menos possível. Como compreender este paradoxo? À ‘medida que as oportunidades de se relacionar aumentam, as reclamações sobre a falta de pessoas interessantes também aumentam. Segundo dados do IBGE, atualmente 1 em cada 2,4 casamentos termina em divórcio e esse número não para de crescer. Em menos de 20 anos (de 2004 a 2021) os divórcios aumentaram 196% e nos últimos 10 anos a duração média do casamento caiu de 17,5 anos para 13,8 anos.

Em paralelo, o interesse por relacionamentos abertos cresceu muito nos últimos anos. Nós acreditamos que não se trata apenas de uma discussão sobre formatos de relação e sim sobre desejos, ideais, possibilidades, expectativas e impossibilidades do amor. O objetivo desta série de gravações do Café Filosófico CPFL, com curadoria de Renato Noguera e Carol Tilkian, é aprofundar a discussão sobre os principais dilemas amorosos da contemporaneidade trazendo embasamento teórico e perspectiva histórica em uma linguagem simples e envolvente. Dessa forma, a cada episódio, objetiva-se trazer novas perspectivas, conhecimento e ferramentas para que possamos ser mais felizes em relações amorosas mais possíveis e menos idealizadas.

O Café Filosófico CPFL é o broadcast de reflexões produzido pelo Instituto CPFL em múltiplos formatos, como palestras, lives e programas de televisão.

As gravações são realizadas no estúdio do Café, no Instituto CPFL, que fica na rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, na Chácara Primavera. A entrada é gratuita, por ordem de chagada, a partir das 18h. Os encontros são transmitidos ao vivo no canal do Café no Youtube, e ficam disponíveis no mesmo canal. Inscreva-se no canal do Café no Youtube e ative as notificações para receber conteúdos novos semanalmente.

Encontro 1
04/04 | qui | 19h
Economia dos afetos e o fetiche neoliberal do desejo, com Renato Noguera
Como analisar as relações amorosas no contexto do capitalismo neoliberal? O que perdemos e o que ganhamos numa atmosfera cultural na lógica do lucro, a dinâmica do capital e o fetiche da mercadoria invadem todas as dimensões da vida? Em que medida, as relações de mercado têm borrado as linhas da intimidade e produzido uma economia dos afetos que implica em tensões entre o que desejamos, o que queremos e o que realmente praticamos nos arranjos afetivo-sexuais? Em que medida, o capitalismo afetivo – tal como formula a socióloga Eva Illouz – tem levado a ética da comunicação empresarial para o interior dos relacionamentos afetivos? Achille Mbembe aponta como a universalização do brutalismo que naturaliza a guerra e impõe que a ontologia da vida estaria inscrita na busca das suas forças destrutivas. Como essas perspectivas têm rearticulado as dinâmicas amorosas? Diversos estudos sobre as relações conjugais, tais como do psicólogo John Gottman e da antropóloga Helen Fischer, se articulam dentro de um contexto da “ideologia da linguagem” que aposta no aperfeiçoamento do ditado popular, “é conversando que a gente se entende”, propondo ferramentas afetivas para a construção e manutenção das relações a partir da revisão de acordos. Será que esse encaminhamento resiste aos dispositivos que insistem em modular a vida afetiva dentro da lógica das relações econômicas e de troca? Uma hipótese direta, neste cenário o fetiche do desejo ganha mais força. Como lidar com esses desafios dos relacionamentos afetivos num mundo cada vez mais organizado pela lógica neoliberal que faz do amor um jogo cruel?

Encontro 2
11/04 | qui | 19h
O amor ainda é possível na velocidade 5G?, com Carol Tilkian
A tecnologia sem dúvida permeia nossas relações afetivas, quais os impactos dela nos nossos encontros e desencontros amorosos? Em tempos de excesso de controle, filtros, stalkings e aceleração de respostas, qual o espaço para o vazio, para a dúvida e para a construção? Trazendo referências como a socióloga Sherryl Turkle, estudiosa das relações digitais e dos conceitos de fobia e de desamparo pautados em Freud e Lacan, mergulharemos nos desafios do uso das tecnologias como ferramentas para conexão. Numa era de streaming esperamos um amor on demand? Estamos mais exigentes ou intransigentes? Qual o tempo do amor numa cultura que acelera o áudio a 2x? Para além da tecnologia em si, este encontro abordará também como a emergência e a difusão da Inteligência Artificial, suas potências e seus riscos, impactam as relações amorosas. Vamos buscar debater os desafios impostos por máquinas que aprendem e simulam comportamentos humanos. A indistinguibilidade entre humanos e máquinas pode ser menos um acontecimento romântico do que um obstáculo ao encontro genuíno?

Encontro 3
18/04 | qui | 19h
A lógica da prateleira do amor: gênero e emoções, com Valeska Zanello
Valeska Zanello abordará a constituição subjetiva, o adoecimento psíquico e a saúde mental de mulheres em sociedades sexistas como a brasileira, utilizando-se das categorias analíticas do dispositivo amoroso e materno. Aprofundará no tema da construção e da propagação das masculinidades e do dispositivo da eficácia (casa dos homens e cumplicidades, imaginário erótico e violências), apontará técnicas de intervenção em gênero e violências (explícitas e implícitas) contra as mulheres. O intuito do encontro é endereçar caminhos para uma educação não sexista e para a desconstrução das tecnologias de gênero presentes nas principais manifestações culturais (músicas, filmes, séries, etc).

Encontro 4
25/04 | qui | 19h
A construção do desejo e do amor nas relações interraciais, com Andreone Medrado
Valores sociais, desejos, afetos, sentimentos, privilégios, sexualidades e subjetividades se chocam e se tensionam toda vez que se constitui uma relação inter-racial, e isso pode acontecer de maneiras tão complexas quanto de inúmeras possibilidades. Uma análise sobre a construção do gosto, das preferências e dos afetos no tecido social e nas singularidades das relações mostra que a raça afeta o afeto. Mas mostra também caminhos para uma compreensão ainda mais profunda da construção do desejo e do amor na vida humana.