nivalde de castro faz uma viagem no tempo para refletir sobre o setor elétrico brasileiro
com a proposta de debater as questões estruturantes do mundo contemporâneo, a cpfl cultura apresenta em campinas, às quintas-feiras de agosto, reflexões sobre o setor elétrico brasileiro. para abrir a série, o curador do módulo, professor nivalde j. de castro, professor do instituto de economia e coordenador do gesel – grupo de estudos do setor elétrico, ambos da ufrj, traçou o processo evolutivo do setor, pontuando importantes momentos da história que foram decisivos para sua reestruturação.
o curador levou o público a uma viagem no tempo para mostrar como a energia se tornou tão importante para a humanidade. “as inovações tecnológicas ocorridas na segunda revolução industrial, iniciada a partir da segunda metade do século 19, permitiram a difusão gradativa do uso da energia elétrica”.
a indústria de energia elétrica ganhou espaço em função da sua maior competitividade em relação às outras formas de energia. “no caso do uso da energia pelo setor industrial, a evolução vinha ocorrendo desde o século 18”, afirma, citando a força hidráulica: “as fábricas tinham que ficar localizadas perto de rios, onde se instalavam moinhos de água, que por sistemas de polias, movimentavam as máquinas, como os teares das fábricas têxteis e as máquinas a vapor”.
em relação à história da geração de energia elétrica, o convidado destacou a construção da primeira usina hidrelétrica do mundo, nos estados unidos, em 1879. “dez anos depois, o brasil tem sua primeira hidrelétrica construída em juiz de fora, minas gerais”. o dinâmico crescimento da economia cafeeira no Estado de São Paulo, comparada ao petróleo na arábia saudita, alavancou a evolução da indústria de energia elétrica, quando são criadas empresas geradoras e distribuidoras de energia elétrica atendendo à demanda de iluminação, transporte e indústria.
o professor nivalde relembrou, ainda, que a cpfl foi criada, em 1912, a partir da consolidação de quatro pequenas empresas de energia do interior paulista.
o movimento de investimentos estrangeiros nos principais mercados brasileiros define e caracteriza o primeiro modelo de estruturação do sistema elétrico brasileiro. a crise de 1930 impôs uma série de restrições à entrada de divisas no país e provocou forte desvalorização da moeda nacional. em 1934 foi promulgado o código de águas que estabeleceu um novo marco regulatório. “entre outras decisões, centraliza a política do setor de energia elétrica no governo federal e desindexa as tarifas da moeda estrangeira”, completou.
com o fim da segunda guerra mundial, um novo cenário se configura. é estabelecida uma política econômica de investimento na industrialização como estratégia para superar o subdesenvolvimento.
com a atuação do estado (federal) e das unidades da federação no sistema elétrico, inicia-se um novo modelo estatal que vai prevalecer até 1990. “neste modelo, todas as decisões de planejamento, de financiamento e de operação são da competência do governo federal, com o apoio das empresas estaduais.”
em seu relato, ilustrado por imagens, o professor nivalde chega aos anos de 1980, a chamada “década perdida”. “a crise começa no méxico, levando as taxas de juros dos mercados internacionais a valores muito altos. o brasil, como a maioria dos países em desenvolvimento, estava muito endividado nos mercados internacionais, e passa a ter sérias dificuldades para rolar suas dívidas. como resultados: inflação, desvalorização cambial, desemprego, taxas medíocres de pib e desequilíbrio das contas públicas.”
segundo o professor, “são sugeridas e adotadas políticas de redução dos gastos públicos, aumento dos impostos e privatização das empresas estatais”. no começo dos anos 1990, o setor elétrico inicia seu processo de privatização. “com esse processo configura-se o modelo de privatização, no qual praticamente todas as empresas de distribuição foram privatizadas. em 1996, para poder regular os controles firmados com todas as empresas do sistema elétrico brasileiro, foi criada a aneel – agência nacional de energia elétrica.”
em 2003 foi estruturado um novo modelo de parceria estratégica público-privada. as privatizações de empresas são suspensas, o planejamento volta à responsabilidade do estado e a expansão da capacidade instalada e das linhas de transmissão passa a ser feita somente através de leilões. nesses 100 anos, o brasil evoluiu muito, afirma o curador, que destacou o grupo cpfl nesse contexto: “a cpfl energia é o maior grupo privado do setor, no país, por sua capacidade de ser competitiva em todos os modelos pelos quais o sistema elétrico brasileiro passou”.
cpfl energia
assessoria de imprensa