Na alegria e na tristeza… Jéssica Gonzaga e Thiago André competem em família no atletismo
Meio-fundistas do IVCL Orcampi, que pela primeira vez fazem parte da mesma equipe, dividem-se entre o esporte e os cuidados com o pequeno Gabriel
Família que treina e compete unida, permanece unida. Pelo menos é assim com Jéssica Gonzaga dos Santos e Thiago do Rosário André. Os meio-fundistas, pais do pequeno Gabriel, conheceram-se no atletismo, formaram uma família dentro do esporte e, pela primeira vez, competem pela mesma equipe, a Orcampi, parceira do Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima (IVCL) que conta com o patrocínio da CPFL Energia e o apoio do Instituto CPFL.
Jéssica, de 27 anos, começou no atletismo por meio da escola, na cidade mineira de Mariana. Jogou futsal e handebol, e acabou na pista. Foi campeã estadual e brasileira nas categorias menores e, aos 16 anos, passou a competir por seu primeiro clube, o ASA-Sertãozinho, do interior paulista. Thiago, de 22 anos, é natural de Belford Roxo (RJ), e foi levado ao atletismo por um amigo que viu no menino que corria sem parar atrás de pipas um potencial para o esporte. Começou a treinar na Mangueira, no Rio, como mirim. Aos 17 anos, decidiu que viria para São Paulo, e passou a integrar o extinto Clube de Atletismo BM&FBOVESPA.
Em 2014, com Jéssica morando em Jundiaí – defendia o Esporte Clube Pinheiros, equipe na qual permaneceu até o ano passado –, e com Thiago, vivendo e treinando em São Caetano do Sul, o relacionamento começou. E, em 21 de junho de 2015, os dois se tornavam pais de Gabriel.
Ambos se destacavam no cenário nacional. Jéssica tinha terminado 2014 como a melhor atleta do Brasil nos 800 m. Thiago tinha disputado o Mundial Juvenil de Eugene e conquistado dois quartos lugares (nos 800 m e 1.500 m). “Foi uma loucura. A gente se conhecia fazia pouco tempo e eu estava na melhor fase da minha carreira”, recorda Jéssica. “Foi difícil quando recebemos a notícia da gravidez. Mas aí eu passei a ser o primeiro a chegar e o último a sair da pista”, diz Thiago.
Na reta final da gravidez, Jéssica ficou cuidando dos preparativos para a chegada de Gabriel (incluindo mudança de casa) enquanto Thiago viajou para a Europa para um período de 32 dias – menos de um mês antes do filho nascer, ele alcançou a classificação para os 1.500 m do Mundial da China, realizado naquele ano, e para Olimpíada do Rio, em 2016. “Eu estava viajando, treinando. A responsabilidade da mudança ficou toda com a Jéssica, com a minha sogra e uma amiga, a Fernanda”, conta Thiago.
O corredor recebeu a notícia do nascimento de Gabriel quando chegou ao aeroporto. “Eu estava saindo da Holanda. Quando entrei no aeroporto e me conectei na internet, chegou a mensagem. Foram as 12 horas mais longas da minha vida! Cheguei no Brasil, no aeroporto de Guarulhos, e mandei o taxista ir direto para Jundiaí, para o hospital”.
Para Jéssica, o retorno ao atletismo não foi fácil. “Quando voltei a treinar, eu me sentia muito pesada, com dores. Foi difícil conciliar o treino e a amamentação – o Gabriel mamou até o sexto mês. Meu corpo mudou muito após a gravidez”. Thiago, embora classificado para os Jogos do Rio, enfrentou um período pré-olímpico de muitas dificuldades, com lesões que atrapalharam sua temporada e seu desempenho na Olimpíada. Por motivos diferentes, ambos pensaram em deixar o esporte, mas juntos superaram os desafios.
“Quando a Jéssica voltou a treinar, em 2016, foi comigo para a Holanda. E correu os 800 m em 2min04s02 (o recorde pessoal de Jéssica é 2min03s98, de outubro de 2014). Eu sempre disse que tudo era possível”, diz Thiago. Na temporada de retorno, além de conseguir correr perto de seu recorde pessoal, Jéssica conquistou a medalha de bronze no Troféu Brasil, principal torneio nacional, e terminou o ano como a terceira melhor atleta do país na sua prova.
Foi na transição de 2016 para 2017 que Jéssica e Thiago mudaram-se para Campinas. Thiago começou a treinar com Ricardo D’Angelo, com quem Jéssica também trabalha agora.
O ano de 2017 marcou o reencontro do casal com os pódios. Jéssica voltou a ser a melhor atleta do país nos 800 m – conquistou a medalha de ouro no Troféu Brasil e terminou o ano como líder do ranking brasileiro – e foi campeã sul-americana com o revezamento 4×400 m. Thiago viu a carreira deslanchar no exterior. Dominante no cenário brasileiro desde 2015, o meio-fundista foi finalista no Mundial de Londres, ao conquistar a 7ª colocação nos 800 m. Também bateu o recorde sul-americano sub-23 dos 1.500 m, marca que pertencia ao campeão olímpico Joaquim Cruz havia 32 anos.
E Gabriel, que completará 3 anos em junho (2018), começa a entender melhor a profissão dos pais – com suas alegrias e tristezas. “Antes, ele gostava de brincar no celular, ver videozinhos. Agora, só quer correr”, conta Thiago. “É porque ele ainda não conhece o ácido lático!”, brinca o meio-fundista, fazendo piada com os efeitos doloridos que a substância, acumulada na musculatura, causa aos atletas.
O garotinho, que este ano começou a frequentar a escola infantil, é figura presente nas pistas. “Ele quer correr, treinar. Participa com a gente: dá água, dá a toalha, conversa com todo mundo na pista”, diz Jéssica.
A parte difícil? A ausência dos pais por causa dos treinos e competições. Desde o ano passado, Thiago tem ficado longos períodos longe do Brasil, enquanto Jéssica faz viagens mais curtas e conta com o auxílio precioso da mãe, Nerede. “Antes, ele não sentia tanta falta da gente. Agora é mais difícil contornar as viagens.”
O que não falta é a torcida pela televisão, pela internet, e a listinha de presentes do exterior. “Aí fica mais fácil suportar a distância, né?”, brinca Jéssica. Problema para Thiago, que vai ter que acomodar muitas lembranças na bagagem – afinal, ele deixou o Brasil no começo de abril e só retorna ao país para a disputa do Troféu Brasil, que será realizado entre os dias 14 e 16 de setembro, em Bragança Paulista (SP).
O IVCL Orcampi tem o apoio do Instituto CPFL, responsável pelas ações sociais, culturais e esportivas do grupo CPFL Energia, empresa incentivadora do desenvolvimento do Brasil pelo esporte.