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matheus sonha com a seleção brasileira e em ir para uma olimpíada

Para 2020 traçou objetivos difíceis, mas possíveis, como ir ao Mundial de Nairóbi Sub-20, uma medalha no Troféu Brasil e títulos nos Brasileiros Sub-20 e Sub-23 nos 3.000 m com obstáculos, uma prova de resistência que tem o fosso com água

Campinas – O brasileiro Matheus Estevão da Silva Borges, de 19 anos, corre provas de fundo com obstáculos e tem planos ambiciosos, mas factíveis, para a temporada de 2020. Matheus, atleta do Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima (ICVL) e da Orcampi, de Campinas, vem evoluindo nos últimos anos e em 2020 quer estar na seleção brasileira sub-20 que disputará o Mundial de Nairóbi, no Quênia, de 7 a 12 de julho.

O IVCL Orcampi é parceiro do Instituto CPFL e tem o patrocínio da CPFL Energia. Um dos motivos para Matheus ter ficado no Brasil, mesmo com a mudança dos pais para a Europa, é justamente a estrutura de treinamento que tem em Campinas e o sonho de estar na seleção brasileira adulta num Mundial e numa Olimpíada. Além dos estudos – está no terceiro semestre de fisioterapia na UNIP, com bolsa de estudos que ganhou por causa do atletismo.

Pelos critérios de convocação estabelecidos pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), serão chamados para a seleção que vai ao Mundial de Nairóbi os atletas que alcançarem os índices exigidos, até o máximo de dois por prova, até 14 de junho de 2020. E essa é a prioridade de Matheus. Sua melhor marca é 9:17.92 para os 3.000 m com obstáculos e o objetivo é chegar aos 9:07.00 do índice. 

2018 foi um ano um pouco difícil para Matheus por causa de uma lesão sofrida na panturrilha. Mas em 2019 foi campeão brasileiro sub-20, terminou o ano como primeiro dos Rankings Brasileiros Sub-20 e Sub-23, e foi 4º colocado no Troféu Brasil de Atletismo, dentre atletas adultos. 

“Melhorei em mais de 20 segundos o meu tempo pessoal em 2019. Eu corri 9min17s92 no Troféu Brasil e esse ano tenho como objetivo correr na casa dos 9min07s pelo índice para ir ao Mundial Sub-20. No momento, o foco é esse. Também temos como objetivo ganhar os Brasileiros Sub-20 e Sub-23 e conseguir ir para o Sul-Americano Sub-23 de Georgetown, Guianas”, afirma Matheus que também quer ganhar sua primeira medalha no Troféu Brasil de Atletismo, após o 4º lugar de 2019.

Os pais agora foram para Algarve, em Portugal “Fiquei com vontade de ir, mas tenho o sonho de competir o Mundial e um dia uma Olimpíada e por eu estar bem entrosado na equipe, no treinamento… E lá não teria o suporte de uma equipe como tenho aqui no IVCL Orcampi e tem a faculdade. No momento preferi ficar aqui pelo meu sonho.”

Fala sempre com o pai Fábio; a mãe, Andreia e as irmãs Cristina Abgail Caterine, de 15 anos, e Ruth Emanuela, de 12. “Tenho saudades da família”. O pai, mesmo a distância monitora o filho. “Sou muito apegado com o meu pai, que sempre me apoiou no esporte. Ele está sempre no meu pé, para saber se estou indo para a faculdade e se estou treinando”, conta Matheus.

O treinador Alex Lopes observa que este é o último ano de Matheus na categoria sub-20 e confirma os principais objetivos do ano. “São buscar uma medalha no Troféu Brasil – apesar que, para mim, nem é o fundamental, mas sim fazer o índice para o Mundial de Nairóbi, na categoria dele. Para isso, terá de baixar o melhor tempo dele em 10 segundos. Se conseguir a marca será um dos poucos atletas com índice nas provas de resistência.”  

“O Matheus veio para cá quando a família mudou para Campinas. Já foi campeão brasileiro mirim, menor e juvenil nos obstáculos e no ano passado 4º do Troféu Brasil, dentre os melhores do País, dando continuidade no processo de treinamento, amadurecimento pessoal e de resultados”, acrescenta Alex. “Ele amadureceu, está aliando treinamento, competições com os estudos de fisioterapia, pilares importantes para o desenvolvimento pessoal. A família dele migrou para Portugal e ele ficou para viver o sonho de ser atleta e se desenvolver pelo esporte.”

Como tudo começou

Matheus começou cedo em Catanduva. “Estava passeando com meu pai, na rua, quando vi umas crianças correndo. Meu pai foi perguntar se eles treinavam. Eu sempre gostei de correr e daí comecei.” Primeiro em Catanduva, depois em Pindamonhangaba, onde foi treinar no Centro João Carlos de Oliveira com o técnico Luiz Gustavo Consolino. 

Matheus chegou ao projeto do IVCL há quase quatro anos. Tinha uma boa base, mas seguiu com o seu desenvolvimento em uma prova que muitos consideram sofrida por causa dos obstáculos – e, principalmente, por causa da passagem do fosso, em que o atleta molha o pé e segue até o fim com a sapatilha encharcada. “Sempre tive habilidade e resistência para provas de obstáculos. Eu realmente gosto desse tipo de prova. Me sinto bem.”

Alex Lopes diz que o atleta chegou em Campinas com uma boa base. “Ele começou cedo no atletismo e o esporte o ajudou a melhorar o comportamento. O Matheus tem uma boa técnica para passar o fosso – aprendeu com o Gustavo -, e é um jovem que começou a conseguir resultados quando entrou em forma. É dedicado e treina direitinho.”

Os ídolos de Matheus são o campeão olímpico Joaquim Cruz e o campeão pan-americano Altobeli da Silva.

Entenda a prova

Ao longo do percurso de 3.000 m são dispostos obstáculos e um fosso d’água. Na prova, cada atleta deve ultrapassar os obstáculos 28 vezes e, o fosso d’água, sete vezes. Para as mulheres, os obstáculos têm 76 cm de altura; para os homens, 91 cm. O fosso, obrigatoriamente colocado logo após um obstáculo, tem 3,66 m de comprimento e seu fundo é inclinado, começando com 70 cm de profundidade e terminando na altura da pista.

O IVCL Orcampi conta com o patrocínio da CPFL Energia e o apoio do Instituto CPFL.

Fotos: Wagner Carmo/CBAt.