cafe filosófico

Historiadora Elisabeth Roudinesco abre série do Café Filosófico CPFL em Campinas

Por Victor Costa

Na última terça-feira, 1 de junho, a cpfl cultura recebeu a historiadora e psicanalista francesa Elisabeth Roudinesco, uma das mais representativas intelectuais contemporâneas. Roudinesco realizou a palestra “Foucault, Deleuze, Derrida: pensamento rebelde e heranças cruzadas”, dentro do módulo “Anticlímax das sociedades contemporâneas – Foucault, Deleuze e Derrida frente à crise”, de Scarlett Marton.

Veja o vídeo da palestra

Na palestra, Roudinesco apontou o ponto convergente de Foucault, Deleuze e Derrida: foram filósofos subversivos porque interdisciplinares. Coadunaram a Filosofia às outras áreas do saber. Foucault apropriou-se da História e mostrou que a loucura é muito mais fenômeno da cultura da normatização, que da clínica psiquiatra. Deleuze vale-se das Artes e estabeleceu novas formas de subjetivação. Aproximou o erudito do prosaico. Nas palavras de Roudinesco, defendeu que “a verdade está nas ruas”. Derrida, por meio da História e da Arte, desconstruiu a ideia negativa da morte. O luto é o resgate da herança, a qual permanece para além da morte de seu portador, na memória de quem vive.

Perguntada sobre a herança que o pensamento rebelde deixa para enfrentarmos as crises contemporâneas, Roudinesco enfatizou a importância estratégica da pluralidade intelectual. A prática da crítica converte-se em um pensamento aberto e orgânico. Outro legado é o paradoxo do engajamento. Foucault, Deleuze e Derrida não foram politicamente engajados como boa parte de seus contemporâneos. Porém, não por isso deixaram de atacar com severidade os encalços sociais. Não é preciso a rigor ser politicamente engajado para dar-se conta e combater, segundo Roudinesco, “o pequeno fascismo ordinário do cotidiano – que nos coloca em dominação sem que percebamos”.

A palestra abriu o módulo do Café Filosófico CPFL: “Anticlímax das sociedades contemporâneas – Foucault, Deleuze e Derrida frente à crise”, cuja curadoria é de Scarlett Marton, filósofa e professora da USP. Haverá mais quatro palestras, todas às terças-feiras, até o fim deste mês.