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Felipe Gomes Gondim, mas pode chamar de Lipe Gomesz: talento revelado no Instituto Anelo

É fechado no quarto que Felipe Gomes Gondim, nome artístico Lipe Gomesz, escreve, grava, produz vídeos e trabalha na distribuição de suas canções nas plataformas digitais em busca de seu público. Aos 16 anos, o jovem músico campineiro sonha em seguir na carreira artística.

“É literalmente o meu maior sonho, é tudo o que eu penso todos os dias antes de dormir, todos os dias”, enfatiza Felipe, que desde os 6 anos estuda no Instituto Anelo, uma instituição patrocinada pela CPFL Energia que oferece aulas gratuitas de música no distrito do Campo Grande, em Campinas (SP).

Felipe começou a estudar no Instituto Anelo aos 6 anos. Fez aulas de Musicalização Infantil, de teclado e participou de diferentes turmas de Prática de Banda (projeto do Anelo que incentiva o fazer música em grupo). Atualmente, integra a prática do professor Josimar Prince e estuda piano com o Lucas Bohn.

“O Felipe aproveita tudo o que o Instituto Anelo oferece”, diz a mãe, Elizângela Gondim, que sempre apoiou o filho no caminho da música. Segundo ela, a família nunca perdeu um recital de Felipe ao longo desses dez anos – quando a mãe não podia comparecer por conta do trabalho, o pai, Marcelo, marcava presença.

   

Felipe é o primeiro músico da família. “Mas, meus pais sempre ouviram muita música”, conta o jovem artista, lembrando que o pai, que é operador de processos biológicos em uma empresa de agronegócio, chegou a ter um violão em casa, mesmo sem saber tocar. A mãe, Elizângela, é auxiliar de enfermagem.

“Eu tinha uma bateria de brinquedo e gostava de fazer barulho. Minha mãe colocava música pra tocar, eu punha a bateria no chão, batucava e fazia de conta que estava participando. Eu pegava uma tábua de carne e fazia de conta que era minha guitarra. Eu sempre fui chegado em música”, diz.

E, como escrito lá no começo deste texto, o sonho de Felipe é ser bem-sucedido na carreira artística. “Eu estou produzindo meus primeiros sons e vendo até onde eu chego.” E o apoio dos pais tanto na divulgação do trabalho como também na aquisição do equipamento necessário para fazer sua música é fundamental.

“Eu não tenho muito equipamento. Meus pais compraram meu teclado, arrumaram o computador, porque eu produzo apenas com o teclado e o computador”, revela Felipe, que diz usar os alto-falantes do teclado e o microfone do celular para se gravar cantando, algo que é novo pra ele.

“Ainda estou sem condições de comprar microfone, condensador de estúdio. Faço todo o esquema para abafar o som no quarto. Levanto as camas para fazer uma parede, levanto os colchões para ficar um som preso, abafado, no local onde quero gravar”, conta o músico, que ainda divide o quarto com o irmão mais novo, Davi.

Foto Edis Cruz

Quando começou a compor, ele fazia temas instrumentais simples, de três ou quatro acordes. “Usava o sistema de faixas do teclado, que grava até duas faixas. Gravava o piano e alguma batida com timbre de bateria em cima.” Depois de um tempo, Felipe também começou a usar aplicativos de celular para aprimorar sua produção.

“A qualidade de áudio era muito baixa, porque ainda nem tinha um equipamento bom de gravação pra fazer isso, mas fui aprendendo a mixar e a gravar temas instrumentais desse jeito. Quando eu comecei a compor música com letra eu tinha 14 anos. Foi na mesma época em que eu comecei a tocar violão.”

Vale ressaltar que, no caso desse instrumento, Felipe é autodidata. “Meus pais não tinham condições de pagar uma aula particular de violão pra mim. Então eu comecei a estudar sozinho em casa. Baixava books de acordes, ia aprendendo um pouco de cada coisa e juntando tudo no final, de acordo com o que eu tocava no piano.”

Tecnologia

O primeiro software que usou para gravar foi o Sonar, e com ele começou a perder a vergonha de cantar. “Eu fazia muito instrumental de música pop eletrônica, ou hip hop mesmo, e pensava: ‘Quero muito colocar uma letra nisso para que as pessoas ouçam e falem ‘é a voz dele’.”

Felipe lembra que enviou as primeiras letras que escreveu para alguns amigos, que também foram as primeiras pessoas que o ouviram cantar. “Eles me elogiavam, faziam críticas construtivas e assim fui aprendendo o que deveria melhorar.” Diz, por exemplo, que essas primeiras letras eram bem diferentes das que faz agora, quando já está um pouco mais confiante no próprio trabalho.

Inicialmente, postou suas composições no Soundcloud, somando 10 mil plays desde o começo do ano passado – “mas ainda não recebi nada”. Depois, criou o próprio canal no YouTube, com vídeos que ele produz em casa. “Quando lancei o primeiro som, Banho Frio, todo mundo estava ansioso para escutar. E eu morria de medo de mostrar para os meus pais, porque eu falo um palavrão.”

Foto acervo pessoal

Aqui, vale um parêntese: mesmo com todo o apoio que sempre recebeu dos pais para se dedicar à música, Felipe revela que, quando começou a compor, fazia tudo escondido deles. “Mas meus amigos me deram forças para mostrar pra todo mundo o meu som. Meus amigos e os amigos dos meus amigos.”

Atualmente, por indicação do seu ex-professor de piano Deyvison Fernandes, usa um software de gravação chamado Ripper. “É leve e não trava tanto no PC. Além disso, é mais fácil e simples de mexer.”

Graças ao contrato que assinou com a distribuidora ONErpm, o artista Lipe Gomesz está em todas as plataformas digitais. No dia 22 de abril deste ano, sua canção Bad chegou ao Spotify. Já a composição Sensa foi lançada em 29 de abril, enquanto Musa, seu mais recente trabalho, saiu em 29 de maio.

Ao ser questionado sobre suas referências musicais, Lipe afirma ser fã de artistas independentes. “Grande parte dos artistas que eu escuto são independentes”, afirma, citando nomes como o brasiliense Jean Tassi; o cantor Konai, considerado um pioneiro do estilo lo-fi no Brasil; a banda mineira Lagum (“É uma das minhas maiores referências”); o duo Anavitória (“Gosto bastante mesmo); os rappers Emicida e Rael; e artistas pop internacionais como Jeremy Zucker, Jon Bellion, Shawn Mendes e Chelsea Cuttler.

“Também gosto demais de O Teatro Mágico, tanto que o álbum que eu vou lançar, provavelmente no ano que vem, vai ser muito inspirado em O Teatro Mágico.” O Teatro Mágico é um grupo musical formado na cidade de Osasco, na Grande São Paulo, cujo trabalho mistura elementos de circo, teatro e poesia. Guilherme Ribeiro, regente da Orquestra Anelo, chegou a tocar no grupo.

O projeto de vida de Lipe é seguir a carreira musical, mas, caso não dê, tem um plano B. “Quero muito fazer faculdade de música ou fazer faculdade de artes cênicas. Também penso em fazer faculdade de psicologia, biologia ou enfermagem. De qualquer forma, vou continuar seguindo a música.”

Entre seus projetos também está participar do Arcevia Jazz Feast, um seminário de jazz e improvisação realizado anualmente na cidade de Arcevia, na Itália, e do qual o Instituto Anelo é parceiro desde 2015. “É o que eu quero fazer. Estou buscando muito conhecimento para lidar com a Itália, entrar no processo seletivo.”

O Instituto Anelo

Ao ser questionado sobre o que o Instituto Anelo representa na sua vida, Lipe declarou: “Sempre morei em periferia (a família mora no Residencial Cosmos) e meus pais sempre tentaram me manter na escola particular. Às vezes, por falar que sou de periferia, rola muito preconceito tipo ‘o que você faz da vida’, sabe?”. Por isso, diz que o Anelo o ajudou a ter uma voz, a dizer “eu sou de periferia e me orgulho disso”.

“Na periferia eu tenho acesso a locais de cultura, de talento, onde eu posso treinar, praticar, crescer intelectualmente, crescer na vida, chegar aonde eu quero chegar, seguir meus sonhos. Eu imagino que o Anelo seja muito importante pra muita gente que tem essa mesma impressão de se sentir esquecido na periferia, porque, infelizmente, a periferia é um lugar esquecido por muita gente.”

E completa: “O Anelo é um meio de encontro. Eu me encontrei muito com a música no Anelo, me identifiquei muito com a música, com as pessoas. Então, o Anelo é um meio perfeito para você socializar, para você reconhecer seu talento, reconhecer o talento do próximo, aprender a valorizar a cultura, aprender diversos tipos de cultura, ter diversos tipos de relação, de amizade, de tudo. O Anelo fez uma diferença, faz e sempre vai fazer diferença na minha vida e na vida de muita gente.”

A mãe Elizângela faz coro. “Não tenho palavras para descrever o que eu sinto pelo Instituto Anelo. Os professores são ótimos, têm muita paciência com as crianças. O Instituto Anelo, pra mim, é um lugar maravilhoso, com pessoas maravilhosas. Tenho muita gratidão. O Felipe ama demais o que faz. Grava na maior simplicidade. Compõe, toca, vida que segue. Ele entra no quarto, compõe e faz acontecer.”

Conheça a música de Lipe Gomesz:

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