na tv: a unidade entre o céu e a humanidade, com kelly ferreira (especial 7° intercâmbio 2023)
- na tv cultura e no youtube do café
- 22:00
09/09 | sábado | 22h – inédito
A Unidade Entre o Céu e a Humanidade
Com Kelly Ferreira
Quase todo mundo já ouviu falar em Confúcio. O nome é quase um sinônimo para sábio, mestre, professor… Mas, se ele é um professor, o que ele tem para ensinar? Quais são as ideias de Confúcio? Pode ser uma surpresa para alguns, mas Confúcio não é um daqueles pensadores obscuros, misteriosos, que vivem com a cabeça nas nuvens. Pelo contrário: ele está preocupado com a sociedade, com a vida prática, o dia a dia das pessoas. Mas Confúcio viveu na China, dois mil e quinhentos anos atrás. Será que é possível aplicar seus ensinamentos nos dias de hoje? O que será que Confúcio tem a nos dizer? Estas são as perguntas que Kelly Ferreira busca responder neste Café Filosófico.
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módulo: confúcio e a nossa vida
O espírito do confucionismo tem como valor central a prática da humanidade compartilhada 仁. Tal tema é, em si, positivamente fundamental para o diálogo entre civilizações e para a construção de um modelo de ética global. Humanidade, para Confúcio, é o princípio supremo que governa a subjetividade, a auto-consciência e a auto-disciplina da moralidade.
Praticar a humanidade é ser capaz de desenhar o paralelo de como tratar os outros a partir de si mesmo, buscando, assim, o aperfeiçoamento do eu através da ajuda na cultivação de outras pessoas 成己成人. Sendo assim, a ideia do “eu” é o centro, observada somente em sua constante extensão e transformação em uma rede múltipla de relacionamentos.
A possível transformação social inflamada por atitudes individuais que cultivam a humanidade é fundamentada na crença do céu 天 e no respeito pelo mandato divino 天命, que pode ser interpretado como transcedente, definitivo e religiosamente orientado. Mas, longe de definir a vida tendo como base uma forma inflexível de determinismo estipulado pelo mandato divino, os esforços de Confúcio na auto-cultivação do “eu” advocam pela concepção da liberdade humana de escolha 志.
Confúcio, contudo, traz em sua própria pessoa frustrações comuns derivadas do dilema que o “eu” ideal em relação com o “eu” possível traz. Então, a cultivação do “eu” possível, através do aperfeiçoamento do “outro” e visando a construção do mundo regido pela humanidade 仁, evoca a necessidade da prática de uma das coisas mais elementares das relações: a sinceridade 诚信. A sinceridade sobre quem somos e onde queremos chegar levando em consideração que a impossibilidade da perfeição é o que nos sustenta no caminho da prática da humanidade.