Música
16
set

 música feita de poesia

  • instituto cpfl
  • 20:00

16/09 | 20h | Música feita de poesia
É pouco conhecido o trabalho de compositores que, de sólida formação erudita, absorveram a tradição da canção de arte romântica europeia e lhe deram uma nova roupagem, sugerida pela influência da música popular e pelos textos de alguns dos nossos maiores poetas.

Rafael Andrade | piano
Ana Lucia Benedetti | mezzo-soprano

Sala Umuarama | Entrada gratuita, com retirada de ingresso a partir das 19h (dois ingressos por pessoa). 

Rafael Andrade

Ana Lucia Benedetti

Programa:

Leopoldo Miguez (1850-1902)
Chanson d’une jeune fille (piano solo) 3:00 2.

Lorenzo Fernandez (1897-1948)
– Dentro da Noite
– Samaritana da Floresta
– Berceuse da onda
– Essa negra fulô

Alberto Nepomuceno (1864-1920)
– Numa concha
– Désirs d’hiver
– Trovas nº 1
– Tu és o sol

Francisco Mignone (1897-1986)
– Cantiga de Ninar
– Improviso
– Soneto
– D. Janaína

Radamés Gnattali (1906-1988)
Alma Brasileira (piano solo)

Camargo Guarnieri (1907-1993)
– Não posso mais esconder que te amo
– Castigo 2:20
– Canção ingênua 2:55
– Preludio nº 2

Glauco Velásquez (1884-1914)
Alma minha gentil

Villa-Lobos (1887-1959)
– Redondilha
– Melodia sentimental
– Canção do Poeta do Século XVIII
– Canção de cristal


Ciclo virtuoso: de Bach a Villa-Lobos (e vice-versa)

com curadoria de João Luiz Sampaio.

Nos anos 1930, Heitor Villa-Lobos iniciou o trabalho nas Bachianas Brasileiras. O ciclo tinha como inspiração a música de Bach, ou melhor, a possibilidade de justapor elementos da música folclórica brasileira ao universo do compositor alemão, que ele tratava como “manancial folclórico universal”.

O ciclo se insere em um momento histórico específico – o do neoclassicismo e do retorno às formas do passado que orientou, nos anos 1920, diversos autores, como o russo Igor Stravinsky. Mas as Bachianas extravasaram as condições de seu nascimento. Nelas, afinal, está sintetizada uma questão-chave da criação chamada “erudita” nacional no século XX: como conciliar a relação entre as formas herdadas do passado europeu e o olhar às manifestações regionais na busca por uma linguagem original?

Em pleno século XXI, se a questão permanece, a resposta a ela já não precisa assumir ares definidores de uma estética a ser seguida. Pelo contrário, por trás dela estão múltiplos diálogos possíveis, que apontam acima de tudo para a diversidade de referências que devem ser levadas em conta na compreensão de nossa identidade. Multiplicidade e diversidade que estão representadas não apenas no trabalho dos autores mas também na linguagem pessoal dos intérpretes – e que pautam esse módulo.

A pianista Sonia Rubinsky, que já gravou a integral de Villa-Lobos e hoje se dedica à obra de Bach, explora em seu recital as relações possíveis entre os dois autores, buscando no brasileiro elementos da obra do compositor das Paixões. O duo de voz e piano de Ana Lucia Benedetti e Rafael Andrade, dois jovens expoentes do universo lírico no país repassa o rico universo das canções de arte, gênero em que é evidente a influência da música popular em alguns de nossos principais autores do século XX.

E, se Villa se debruçou sobre o universo popular para criar obras ditas eruditas, Neymar Dias relê o cânone bachiano a partir das sonoridades da viola caipira, fechando um círculo virtuoso no qual o diálogo, acima de tudo, se traduz em música.

por João Luiz Sampaio, com coordenação de João Marcos Coelho.