Café Filosófico
28
abr

Live: Escola sem aventuras e as crianças na pandemia, com Rinaldo Voltolini

  • youtube do café
  • 18:00

28/04 | qui | 18h | inédito
Escola sem aventuras e as crianças na pandemia
Com Rinaldo Voltolini, psicanalista

Tomada como medida necessária, preventiva e de proteção da vida, o confinamento teve um impacto significativo sobre todos nós. no caso particular das crianças, a suspensão da escola constitui, provavelmente, o fator mais relevante a considerar. Tal suspensão nos conduziu à curiosa e inusitada constatação de que a escola não era tão enfadonha assim, como acreditavam muitos que defendiam que em seu lugar poderiam vir as telas. Ao contrário, são as telas que as crianças e jovens dizem não aguentar mais; querem poder voltar à escola.

Se há uma verdade que a crise pandêmica fez emergir é a de que a escola é muito mais do que uma simples agência de aprendizagens. ela é lugar de relações (saudades dos amigos e professores), mas, também, um lugar na rede de relações que sustentam a infância.

A simples transposição das atividades escolares para o exercício domiciliar (forma particular do dito homeschooling), graças à tecnologia virtual, cuja acessibilidade, no brasil, se mostrou extremamente desigual, não foi capaz de evitar o empobrecimento da experiência da criança. a escola na pandemia virou “lição de casa”. O lugar da aventura intelectual que a escola sempre tentou dar lugar se viu entre parênteses.

A compreensão da escola e do escolar como lugar na rede de relações que sustentam e apoiam à infância é crucial se quisermos evitar as saídas simplistas, pragmáticas e imediatistas, tão típicas de nossa época, que distorcem a complexidade social da infância via mistificação pedagógica e reduzem todo sofrimento psíquico da criança a um problema médico.

Uma ética da infância, que nos compromete a considerá-la não apenas desde sua vulnerabilidade, mas, sobretudo, desde sua potência inventiva, implica que pensemos, tanto a complexidade do sofrimento psíquico que temos observado surgir na infância confinada pela pandemia, quanto nas saídas inventivas que precisamos criar, enquanto adultos, para apoiá-las em sua tarefa de entrada e de renovação do mundo.