gravação: sobre o envelhecer e as metamorfoses do vivo, com hélia borges
- instituto cpfl e youtube do café
- 19:00
19/04 | qua | 19h
Sobre o envelhecer e as metamorfoses do vivo
Com Hélia Borges, psicanalista, membro do Grupo Brasileiro de Pesquisa Sandor Ferenczi (GBPSF); Doutora IMS/UERJ; Pós Doutora PUC/SP; Professora da Graduação e do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Dança Angel Vianna.
No mundo contemporâneo, a corrida desenfreada por modelos neoliberais de vida implica a percepção de que envelhecer se torna fracasso e perda. Deste modo a dificuldade em lidar com a metamorfose que se produz nesta etapa de vida, etapa em que se evidenciam processos de degradação e fragilização do corpo, resulta na inaptidão em se deixar afetar pela sabedoria que acompanha esse momento da vida e usufruir da riqueza própria do envelhecer. Em resistência a tais reduções motivadas por perspectivas colonizadoras é urgente ativar a experiência singular que nos compõe, dando voz ao desejo ao entendendo o corpo envelhecido como potência vital presente. Na direção do desejo, as práticas que buscam sustentar o modo de ser de cada qual, é possível acessar estados de criação como parte ativa da existência.
Esse permanente devir-outro opera transformações e não tem volta. Somos seres híbridos, nos misturamos com o mundo, incessantemente. O filósofo camaronês Achille Mbembe, apontando questões colonialistas, nos diz que as biopolíticas características do estado moderno se constituem, na atualidade, pelo que denomina brutalismo: são políticas que atingem o corpo em sua intimidade suscitando a alienação de si, morte em vida.
As metamorfoses são experiências constatáveis no percurso existencial da vida. Nos atravessamentos vividos que caracterizam os processos de subjetivação, o tornar-se sujeito se corporifica através dos múltiplos encontros que realizamos ao longo da nossa existência. São eles que produzem os estados de metamorfoses.
> Entrada gratuita no estúdio do Café, por ordem de chegada, a partir das 18h. Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, Chácara Primavera, Campinas/SP.
Série:
Café Filosófico CPFL 20 anos
Depois de 20 anos investigando modos de vida na contemporaneidade, qual agenda ainda faz sentido abordar? O que aconteceu no mundo nestes últimos 20 anos? O que mudou nas práticas de cuidado com nós mesmos, e de cuidado dos nossos vínculos com os outros e com o mundo? O que se passou em nossa vida pessoal, profissional? Em nossas relações amorosas, sexuais? O que se passou em nossa cultura de excessos? Como se transformaram nossos prazeres, angústias, anseios, esperanças?
Seria a conectividade um dos paradigmas do agora? Mundos conectados, áreas do conhecimento conectadas. Tudo hoje parece interligado em uma coexistência colaborativa. Conexão entre povos de diferentes culturas, entre humanos e natureza, entre humanos e não humanos. Conexão que transforma indústrias, serviços e seus ecossistemas, exigindo uma mudança profunda no gerenciamento e na governança. Conexão de sentidos, transversalidade, interdependência. Onde tudo e todos tornaram-se dados, capturados como nunca antes; dados que revelam os nossos comportamentos, os fluxos de nossos deslocamentos. Revelam o que pensamos, desejamos, e inclusive aquilo que estamos testemunhando. Como a conectividade vem afetando nossos entendimentos sobre temas tão importantes como amor, família, casamento, sexualidade, infância, adolescência, envelhecimento, morte?
Em 2023, o Café Filosófico CPFL se volta aos seus mitos fundadores: reorganizar o passado, entender o agora, apontar o futuro. Mesmo depois de 20 anos de intensa produção narrativa, não é possível renunciar à questão primordial: o que dá sentido às nossas existências? As respostas possíveis a essa questão não estavam prontas há 20 anos, e os apontamentos a que chegamos nesses últimos 20 anos, mudarão de direção nos próximos 20. Tudo é fluxo na filosofia, e na duração de nossa experiência. Uma vez mais é preciso coletivamente reconstruir, recompor e reavaliar respostas possíveis à pergunta primordial. É preciso simplesmente trocar ideias sobre nossas vidas, socializando nossas incertezas e desenhando um pouco melhor nossos enigmáticos autorretratos.