Café Filosófico
15
ago

gravação: quantos homens nós somos? com fábio mariano da silva

  • instituto cpfl e youtube do café
  • 19:00

15/08 | qui | 19h
Quantos homens nós somos? 

Com Fábio Mariano da Silva, mestre em direito

O que é um homem? Sabemos que a masculinidade como a percebemos tem sido balizadora da formação sociocultural do Ocidente. Minhas hipóteses sobre padrões de masculinidade atuais é a de que o homem como o conhecemos surgiu a partir da descoberta da América em 1492 e com a Modernidade, gerando dois modelos: a masculinidade hegemônica e a masculinidade universal. O homem que vem sendo construído através dos tempos, nasceu forjado por um conjunto de narrativas que compõem sociedades neoliberais e, portanto, atravessado por todos os sistemas de apropriação e opressão que estão estruturalmente arraigados em nós. O homem é um produto bem elaborado, senão o melhor, pelo capitalismo, pelo racismo e pelos sistemas de terrorismo de gênero que se entrelaçam no espaço público e também no privado. Embora vigentes, outras formas de masculinidades surgiram no seio de vários movimentos, entre eles, lgbtqia+ e negros, provocando resistências e rupturas a partir de novas disputas que vem contribuindo para o debate público acerca de um novo homem mais rico e plural.

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Sobre a série: O que é ser homem? Cartografar as masculinidades
Curadoria: Pedro Ambra

Para grande parte da população, a masculinidade é um simples efeito psíquico de um dado anatômico e hormonal. Mais ainda, ser homem estaria natural e incontornavelmente associado a uma série de estereótipos como atividade, força física, determinação e dominância, (hetero)sexualidade exacerbada, maior aptidão para funções públicas e cargos de liderança. Ao mesmo tempo a vivência quotidiana de bilhões de homem ao redor do mundo revela que há algo de podre no reino da masculinidade hegemônica: a supressão de emoções, promoção de violências dos mais variados tipos, sofrimentos mentais silenciados, desconexão com o próprio corpo, descaso com a própria saúde entre outros. Deve-se sublinhar, contudo, que estes não são traços naturais intrínsecos daqueles que costumamos chamar de homens: história, sociologia, antropologia, filosofia, psicologia, medicina e a própria biologia parecem fornecer cada vez mais provas que não há uma essência masculina, mas discursos que constituem identidades. Pensar a masculinidade é, na atualidade, um desafio não apenas na superação dos efeitos violentos do patriarcado sobre as mulheres, mas também na explicitação das multiplicidades dos paradoxos próprios das experiências vividas por homens. Ainda que inegáveis avanços na igualdade de gênero tenham ocorrido nas últimas décadas, a assimetria material e simbólica entre homens e mulheres — e seus efeitos no campo do gênero e de sexualidades dissidentes —, permanece e encontra novas roupagens discursivas, como o chamado “masculinismo”, os “incels”, e toda a tônica de conservadorismo nos costumes oriundas das novas direitas em escala global. Ao mesmo tempo, as experiências transmasculinas, movimentos de desconstrução e questionamento do ideário viril e reflexões da espessura racial, de classe e etária da masculinidade tensionam o empuxo à uma ilusão totalitária de um retorno ao passado de domínio masculino total. Nossa proposta neste módulo é cartografar as principais tensões que pautam a subjetivação de novas (e velhas) masculinidades no Brasil e no mundo.