Café Filosófico
04
abr

gravação: economia dos afetos e o fetiche neoliberal do desejo, com renato noguera

  • instituto cpfl e youtube do café
  • 19:00

04/04 | qui | 19h
Economia dos afetos e o fetiche neoliberal do desejo
Com Renato Noguera

Como analisar as relações amorosas no contexto do capitalismo neoliberal? O que perdemos e o que ganhamos numa atmosfera cultural que a lógica do lucro, a dinâmica do capital e o fetiche da mercadoria invadem todas as dimensões da vida? Em que medida, as relações de mercado têm borrado as linhas da intimidade e produzem uma economia dos afetos que implica em tensões entre o que desejamos, o que queremos e o que realmente praticamos nos arranjos afetivo-sexuais? Em que medida, o capitalismo afetivo – tal como formula a socióloga Eva Illouz – tem levado a ética da comunicação empresarial para o interior dos relacionamentos afetivos? Achille Mbembe aponta como a universalização do brutalismo que naturaliza a guerra e impõe que a ontologia da vida estaria inscrita na busca das suas forças destrutivas. Como essas perspectivas têm rearticulado as dinâmicas amorosas? Diversos estudos sobre as relações conjugais, tais como do psicólogo John Gottman e da antropóloga Helen Fischer, se articulam dentro de um contexto da “ideologia da linguagem” que aposta no aperfeiçoamento do ditado popular, “é conversando que a gente se entende”, propondo ferramentas afetivas para a construção e manutenção das relações a partir da revisão de acordos. Será que esse encaminhamento resiste aos dispositivos que insistem em modular a vida afetiva dentro da lógica das relações econômicas e de troca? Uma hipótese direta, neste cenário o fetiche do desejo ganha mais força. Como lidar com esses desafios dos relacionamentos afetivos num mundo cada vez mais organizado pela lógica neoliberal que faz do amor um jogo cruel?

> Entrada gratuita no estúdio do Café, por ordem de chegada, a partir das 18h. Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, Chácara Primavera, Campinas/SP.

_____

Série:
Desafios e possibilidades do amor contemporâneo

Poucas coisas conectam tanto as pessoas quanto o amor. Amor é tema das músicas mais ouvidas no mundo, tema de livro, conversa de bar e terapia. Não exista uma pessoa que não tenha questões amorosas e que não queira ser feliz no amor, mas, paradoxalmente, em um momento em que existem cada vez mais possibilidades de amor, ele parece cada vez menos possível. Como compreender este paradoxo, à medida que as oportunidades de se relacionar aumentam, as reclamações sobre a falta de pessoas interessantes aumentam. Segundo dados do IBGE, atualmente 1 em cada 2,4 casamentos termina em divórcio e esse número não para de crescer. Em menos de 20 anos (de 2004 a 2021) os divórcios aumentaram 196% e nos últimos 10 anos a duração média do casamento caiu de 17,5 anos para 13,8 anos. Em paralelo, a busca por relacionamento aberto cresceu 300% nos últimos 12 meses no Google. Nós acreditamos que não se trata apenas de uma discussão sobre formatos de relação e sim sobre desejos, ideais, possibilidades, expectativas e impossibilidades do amor.

Nossa dupla de apresentadores, Renato Noguera, filósofo e escritor e Carol Tilkian, pesquisadora de amor, psicanalista e escritora, trazem uma curadoria de grandes pensadores e estudiosos das relações contemporâneas. Renato e Carol serão os curadores dessa série de 4 episódios e também farão inserções em vídeo nos demais episódios, propondo um diálogo com todos os participantes. Renato trará provocações e pontes da filosofia e Carol fará associações com a psicanálise e a análise da cultura contemporânea. O objetivo é aprofundar a discussão sobre os principais dilemas amorosos da contemporaneidade trazendo embasamento teórico e perspectiva histórica em uma linguagem simples e envolvente. Dessa forma, a cada episódio, objetiva-se trazer novas perspectivas, conhecimento e ferramentas para que possamos ser mais felizes em relações amorosas mais possíveis e menos idealizadas.