Café Filosófico
22
ago

gravação: “desbotar do homem”: masculinidades, raça e trabalho no século XXI, com túlio custódio

  • instituto cpfl e youtube do café
  • 19:00

22/08 | qui | 19h
“Desbotar do homem”: masculinidades, raça e trabalho no século XXI
Com Túlio Custódio, sociólogo

As reflexões de masculinidades têm iluminado traços importantes para tratarmos de questões de gênero, atravessadas pelas dimensões comportamentais. Mas ela também nos ajuda a ter um olhar mais amplo para questões como trabalho no contexto neoliberal, ou ainda as especificidades quando olhamos para questão racial. Esse será o tema da fala, que pretende percorrer algumas questões contemporâneas em torno do mundo do trabalho, das representações racializadas de homem e de seu lugar diante do mundo atual.

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Sobre a série: O que é ser homem? Cartografar as masculinidades
Curadoria: Pedro Ambra

Para grande parte da população, a masculinidade é um simples efeito psíquico de um dado anatômico e hormonal. Mais ainda, ser homem estaria natural e incontornavelmente associado a uma série de estereótipos como atividade, força física, determinação e dominância, (hetero)sexualidade exacerbada, maior aptidão para funções públicas e cargos de liderança. Ao mesmo tempo a vivência quotidiana de bilhões de homem ao redor do mundo revela que há algo de podre no reino da masculinidade hegemônica: a supressão de emoções, promoção de violências dos mais variados tipos, sofrimentos mentais silenciados, desconexão com o próprio corpo, descaso com a própria saúde entre outros. Deve-se sublinhar, contudo, que estes não são traços naturais intrínsecos daqueles que costumamos chamar de homens: história, sociologia, antropologia, filosofia, psicologia, medicina e a própria biologia parecem fornecer cada vez mais provas que não há uma essência masculina, mas discursos que constituem identidades. Pensar a masculinidade é, na atualidade, um desafio não apenas na superação dos efeitos violentos do patriarcado sobre as mulheres, mas também na explicitação das multiplicidades dos paradoxos próprios das experiências vividas por homens. Ainda que inegáveis avanços na igualdade de gênero tenham ocorrido nas últimas décadas, a assimetria material e simbólica entre homens e mulheres — e seus efeitos no campo do gênero e de sexualidades dissidentes —, permanece e encontra novas roupagens discursivas, como o chamado “masculinismo”, os “incels”, e toda a tônica de conservadorismo nos costumes oriundas das novas direitas em escala global. Ao mesmo tempo, as experiências transmasculinas, movimentos de desconstrução e questionamento do ideário viril e reflexões da espessura racial, de classe e etária da masculinidade tensionam o empuxo à uma ilusão totalitária de um retorno ao passado de domínio masculino total. Nossa proposta neste módulo é cartografar as principais tensões que pautam a subjetivação de novas (e velhas) masculinidades no Brasil e no mundo.