Café Filosófico
29
jun

gravação: desafios de um cérebro hiperconectado, com rodrigo menezes machado

  • instituto cpfl e youtube do café
  • 19:00

29/06 | qui | 19h
Desafios de um cérebro hiperconectado
Com Rodrigo Menezes Machado, psiquiatra, psiquiatra colaborador do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, residência médica em psiquiatria pela Santa Casa de São Paulo, título de Especialista em psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria.

Nesta palestra iniciarei abordando um panorama geral sobre a saúde mental da população brasileira, com ênfase na infância e adolescência. Após delinearmos este cenário inicial, aprofundaremos sobre as vulnerabilidades das crianças, com ênfase na interação delas com as tecnologias e potenciais consequências negativas acerca desta simbiose, abordando inclusive algumas questões filosóficas acerca do transhumanismo e a fusão entre o homem e a tecnologia. Em fase final, abordarei questões acerca do adoecimento em função do uso abusivo de tecnologias e como podemos fornecer uma perspectiva de melhora à população.

> Entrada gratuita no estúdio do Café, por ordem de chegada, a partir das 18h. Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, Chácara Primavera, Campinas/SP.

Série:
Como fortalecer a mente infantil e juvenil numa era de incertezas

A Terra sempre se moveu na mesma velocidade, cerca de 1675 km/h, considerando um ponto no equador. No entanto, nunca sentimos essa velocidade – até agora. A percepção generalizada no mundo contemporâneo é que nunca estivemos tão velozes, acelerados e, para alguns, eficientes. Mas, desde quando velocidade, aceleração e eficiência são sinônimos de qualidade e bem-estar? Podemos estar em um carro rápido e tecnológico, mas para onde queremos ir? Qual é o destino que os passageiros almejam? Podemos estar em alta velocidade indo em direção ao abismo.

As novas gerações nasceram em um mundo de transformações diárias, onde o concreto se desfaz em nuvens que mudam de formato a cada instante. Vemos claramente as consequências desse afogamento digital e do esfarelamento das certezas: qual e como será o emprego do futuro? E a escola? E os relacionamentos? Como estará nosso meio ambiente no futuro? Haverá um futuro? Esse caldo de incertezas tem provocado uma epidemia de grandes proporções na saúde mental de crianças e jovens. Eles nunca tomaram tantos remédios psiquiátricos, e o nível de suicídio nunca foi tão alto entre esse público, principalmente entre os jovens (dados alarmantes divulgados pela Organização Mundial da Saúde – OMS), além de problemas nas escolas e universidades do mundo todo, como surtos de violência, desinteresse acadêmico e indisciplina recorrente.

Como podemos mudar esse quadro? Há esperança? Na caixa de Pandora, aberta por Epimeteu, irmão de Prometeu, depois de tudo de ruim que saiu e se espalhou pelo mundo, ficou lá encolhida a “Esperança”, aguardando ser convocada. Por mais que os antigos gregos desconfiassem do conceito de esperança, lembremos que eles adoravam uma tragédia, quem trabalha com crianças e jovens é impelido para a mudança e a transformação. E, como disse o escritor João Guimarães Rosa no livro “Grande Sertão: Veredas”, pela voz emocionada de Riobaldo: “Um menino nasceu, o mundo tornou a começar”.