Café Filosófico
18
maio

gravação: compreendendo a drogadição, com carlos eduardo fraga

  • instituto cpfl e youtube do café
  • 19:00

18/05 | qui | 19h
Compreendendo a drogadição

Com Carlos Eduardo Fraga, psicanalista e filósofo.

Durante a pandemia de covid19, houve um grande aumento no uso de álcool e outras drogas. As drogas podem criar paraísos artificiais através da alteração de nossa percepção. Em momentos difíceis, a necessidade dessas viagens subjetivas pode aumentar muito. Desde tempos imemoriais, as drogas são usadas como lenitivo para dores existenciais. Mas também foram usadas para o aumento da compreensão da vida e como intermediárias do contato com o próprio divino. Daí a importância de compreender as drogas para além do moralismo. Seu principal efeito é a alteração da percepção, e isto pode aumentar as conexões com a própria vida ou, ao contrário, levar a uma repetição compulsiva e autodestrutiva. Qual o momento da virada, quando o uso começa a se tornar perigoso? Buscaremos pensar uma clínica da drogadição e princípios para políticas públicas na área. Mas sempre a partir da compreensão da essência do problema: o que é a drogadição e como se chega a ela? Ao longo de nosso percurso, nos valeremos das ferramentas conceituais de nossa grande referência para pensar o assunto, Spinoza.

> Entrada gratuita no estúdio do Café, por ordem de chegada, a partir das 18h. Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, Chácara Primavera, Campinas/SP.

Série:
O poder dos afetos – uma visão filosófica e psicanalítica

Qual a importância do autoconhecimento de nossos afetos, de como eles funcionam em nosso psiquismo singular? Estamos em contato direto com todo tipo de emoção em nosso dia a dia, seja no trânsito, nas redes sociais, nos entretenimentos ou em nossas relações pessoais. O que anda à flor da pele? Que tipo de afeto nos move? E quais nos paralisam? Como lidar melhor com os afetos em nossa vida, favorecendo o bem-estar psíquico, a criatividade, o amor à existência, e a vontade de seguir em frente na busca de realizações? É possível entender aquilo que nos entristece e que retira a nossa energia, transformando-o assim em força para o contrário?

Afetos não são sentimentos que existem em algum lugar em um mundo das ideias, aos quais acessamos de maneira mais plena ou menos inteira. Afetos são maneiras de se afetar. Interagimos no mundo, com os outros, com os ambientes, com os acontecimentos, e sentimos porque nos afetamos. É impossível não nos afetarmos, pois é impossível não interagirmos com nosso entorno, que afinal de contas nos constitui, nos dá contorno, e a partir do qual nos moldamos.

Existem três autores em particular, nomes maiores da história do pensamento, que nos oferecem ferramentas conceituais que esclarecem de maneira luminosa o funcionamento de nossos afetos, nossa psicodinâmica. Spinoza, um pensador de vanguarda hoje, no século XXI, mesmo tendo escrito no século XVII, nos mostra que só conhecemos porque nos afetamos e através dos afetos, e que o próprio afeto é um pensamento. Winnicott, no século XX, nos faz ver, também de maneira inequívoca, o quanto nossas experiências na primeira infância com nosso ambiente inicial, a começar pelo núcleo familiar, constrói uma base para bons e maus afetos. No século XIX, Nietzsche dinamita a quimera da filosofia metafísica, expondo a ferida aberta de que a epistemologia que separa mundo sensível de mundo inteligível e deprecia a corporeidade e os afetos nada mais é do que um sintoma afetivo – que Winnicott entenderá como uma defesa psíquica, e Spinoza nomeará delirium.

Neste módulo, que comemora o 20º aniversário do Café Filosófico, trazemos quatro pesquisadores e pensadores que trabalham com Spinoza e com Winnicott, se valendo também de Nietzsche, para analisar o poder dos afetos. Dos afetos negativos, que nos tiram a potência de agir – ressentimento, culpa, ódio, medo, angústia… que levam à drogadição e à depressão, por exemplo. Dos afetos positivos, que aumentam nossa potência de agir – alegrias ativas, paixão como entusiasmo, amizade… que trazem a criatividade, a força afirmativa da vida em suas dores e delícias, a inspiração.