bell hooks e a educação antirracista, com marilea de almeida
- instituto cpfl e youtube do café
- 19:00
03/11 | qui | 19h | inédito
bell hooks e a educação antirracista
com marilea de almeida, historiadora e psicanalista
gloria jean watkins é o nome de batismo de bell hooks. ela nasceu em 1952, em hopkinsville, uma pequena cidade segregada do estado de kentucky, no sul dos estados unidos. nascer mulher negra, em um contexto de segregação racial e em uma família de domínio patriarcal, significa vir ao mundo em um tempo e espaço cujas oportunidades de existência para mulheres negras estavam limitadas ao trabalho doméstico (seja dentro e fora de casa), casamento e filhos.
sem sombra de dúvida, bell hooks é uma das mais importantes intelectuais da atualidade. desde a década de 1980 até os dias atuais, ela publicou mais de 30 livros que, por meio de uma linguagem acessível expressa um pensamento complexo, avesso às formulações simplistas. uma produção que denuncia, sem subterfúgios, as atávicas conexões entre imperialismo econômico, supremacia branca e o patriarcado. suas obras são referências incontornáveis para adensar nossa compreensão de como as dinâmicas de raça, classe e gênero se exprimem nas práticas culturais, acadêmicas, subjetivas e cotidianas.
tomando como foco atávica relação entre teoria e experiência na obra de bell hooks, a apresentação discutirá o lugar das mulheres negras na produção de conhecimento. para tanto, a apresentação será dividida em três momentos. o primeiro situa a produção intelectual de bell hooks com a emergência, nas décadas de 1970 e 1980, dos feminismos negros nos estados unidos e no brasil. o segundo explora o modo singular de produzir teorizações em bell hooks, focalizando a noção de teoria como auto recuperação. o terceiro explora as repercussões de seu pensamento no brasil, especialmente para os campos da educação e do ativismo negro.
série: filosofia, substantivo feminino
curadoria: nastassja pugliese
a história da filosofia como conhecemos nas antologias é marcada por inúmeras exclusões, sendo as mais marcantes aquelas de gênero, raça e localidade geográfica. recentemente a atenção de pesquisadoras tem se voltado para reparar este estigma limitante da prática filosófica, resgatando obras escritas por filósofas ao longo da história, e fazendo aparecer nomes importantes como: aspásia de mileto, temistocléia, hipátia de alexandria, cleobulina de rodes, lastênia de mantinéia, hidelgarda de bingen, cristine de pizan, heloisa, catariana de siena, oliva sabuco, teresa d’ávila, túlia d’aragona, sor juana inés de la cruz, ana van schurman, lucrécia de marinela, princesa elisabeth de boêmia, mary astell, anne conway, margareth cavendish, damaris marsham, emilie du châtelet, mary wollstonecraft, anna julia cooper, nísia floresta, francisca senhorinha da mota diniz, maria firmina dos reis, josefina álvarez de azevedo, simone de beauvoir, bell hooks, maria lugones, judith butler, oyèrónké ̣oyěwùmí. ou seja, com o olhar atento para os arquivos e bibliotecas procurando obras representativas, conclui-se, por evidências concretas, que mulheres sempre filosofaram. a presença silenciosa ao longo da história é, então, denunciada como uma ausência gritante — nos livros, nas antologias e nas narrativas filosóficas de modo geral.
para contextualizar o projeto de resgate das mulheres filósofas e os resultados transformadores que estão sendo alcançados, apresentaremos as contribuições de filósofas de diferentes contextos culturais e sociais e o debate sobre a construção do cânone da história da filosofia. começaremos com o impacto da filosofia de bell hooks para a educação, mostrando como a reflexão sobre a raça como marcador social transforma o campo teórico e a experiência educacional. depois teremos um debate sobre o conceito de mulher, marcadamente levantado por simone de beauvoir, para tratarmos da questão: de quem falamos quando falamos de mulheres pensadoras? na terceira palestra, refletiremos sobre a natureza da história da filosofia em uma reflexão sobre sua atualidade, o cânone e o lugar das mulheres filósofas na tradição. finalmente, o pensamento da filósofa latino-americana maria lugones será introduzido a partir de sua crítica à colonialidade, mostrando como essa crítica contribui para a expansão do conceito de justiça.
a proposta do módulo é (1) mostrar como a obra das mulheres filósofas é inserida em um debate histórico, (2) mostrar a importância das obras de filósofas de diferentes contextos e culturas e (3) mostrar como a produção de conhecimento filosófico feita por mulheres, têm efeitos positivos, tanto na filosofia quanto para além dela.