café filosófico cpfl de agosto aborda o tema “Diversidade humana: o valor das diferenças em um mundo compartilhado”
café filosófico cpfl | agosto/2015
Diversidade humana: o valor das diferenças em um mundo compartilhado
curadoria: benilton bezerra jr.
O que define a condição humana é a sua abertura ontológica. À medida que transformamos as condições materiais e as referências simbólicas em nossas sociedades, mudamos a percepção que temos de nós mesmos, dos outros e do mundo à nossa volta. A história humana é, em grande medida, a história dos valores éticos e estéticos, regras, normas, hábitos e leis que, ao longo do tempo, vão traçando e retraçando as cartografias que demarcam as fronteiras entre o prescrito e o proscrito, o normal e patológico, o legítimo e ilegítimo.
Uma sociedade democrática precisa equilibrar os anseios de liberdade e auto realização dos indivíduos, por um lado, e as exigências impostas pela convivência social, por outro. Não há caminho fácil para sustentar um projeto como esse. O que durante milênios foi universalmente aceito como natural e legítimo (a escravidão), se tornou repulsivo e intolerável. Mas o preconceito racial é ainda uma praga. O que até a pouco era considerado como a tragédia de um indivíduo (a deficiência), passou a ser visto como uma questão de sustentabilidade social. Mas a exclusão imposta por um mundo feito para os “normais” é ainda imensa. O que por muito tempo, em muitos lugares, foi considerado desviante, criminoso ou patológico (práticas sexuais não hegemônicas) passou a ser visto como uma possibilidade legítima da sexualidade humana. Mas a intolerância e a violência contra a diversidade sexual ainda faz parte de nosso cotidiano.
Para construirmos uma sociedade aberta, livre, equânime e tolerante é preciso identificar nossos preconceitos mais arraigados, problematizar nossos valores éticos e estéticos, nossas noções de certo e errado, de normal e patológico, de diferente e deficitário. Só assim poderemos reconhecer o valor da diversidade na construção de um mundo efetivamente compartilhado, um mundo em que a pluralidade de crenças, tradições, estilos de vida, formas corporais, modos de organização subjetiva individual, relacionamento pessoal, práticas sexuais, laços de família, etc., possa ser percebida como expressão da riqueza da experiência humana.
O valor das diferenças para a construção de um mundo compartilhado – este será o tema do Café Filosófico CPFL durante o mês de agosto, sob a curadoria do psicanalista e psiquiatra Benilton Bezerra Jr. (UERJ) para refletir sobre essas questões.
No primeiro encontro, o curador apresentará o tema geral e abordará a construção das percepções da identidade e da diferença, da norma e da antinorma, tanto no plano da constituição subjetiva individual quanto no plano do imaginário social, para introduzir o debate em torno das fronteiras entre normalidade, atipia e patologia, e apresentar os tópicos dos três encontros subsequentes: o problema das relações raciais no Brasil; a questão do direito à diferença e da responsabilidade coletiva em relação às deficiências; e as transformações no campo das práticas sexuais e das relações de gênero.
07/08 | sex | 19h
O valor das diferenças em um mundo compartilhado
Com Benilton Bezerra Jr, psicanalista, psiquiatra e professor do Instituto de Medicina Social da UERJ
Para apreciar o valor das diferenças na construção de um mundo compartilhado é preciso compreender o modo como se processa a construção da identidade na experiência humana, tanto no plano do psiquismo individual quanto no plano das identidades culturais. A palestra abordará aspectos fenomenológicos, psicodinâmicos e histórico-sociais implicados nesse processo e discutirá avanços e obstáculos ao reconhecimento do valor da diversidade humana, atualmente visíveis em nosso horizonte social.
14/08 | sex | 19h
Raça e racismo no Brasil contemporâneo
Com Carlos Medeiros, jornalista, foi Coordenador Especial de Promoção da Igualdade Racial do Município do Rio de Janeiro.
Um importante subproduto da discussão sobre cotas e ação afirmativa no Brasil tem sido a elevação do racismo, tradicionalmente relegado a uma espécie de gueto nas ciências sociais e no discurso do senso comum, à condição de tema relevante para a compreensão de nossa sociedade e a superação de seus problemas. Em sua palestra, Carlos Medeiros irá enfocar o processo que provocou essa transformação, ancorando-se na história das relações raciais no Brasil, com eventuais comparações com outras realidades, em especial a norte-americana; e apresentar seus prognósticos sobre o assunto no horizonte visível.
21/08 | sex | 19h
Deficiências e diferenças
Com Izabel Maria Maior, professora da UFRJ e primeira pessoa com deficiência a comandar a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Historicamente vistas como desviantes do normal, a deficiência e, consequentemente, as pessoas com deficiência eram percebidas como doentes, objeto da assistência e das propostas de cura. Com a emergência do movimento sociopolítico e o do protagonismo das pessoas com deficiência, a conceituação da deficiência abandonou o campo biomédico passando a constructo social. Dessa forma, a questão ganhou contornos de direito à diferença, de responsabilidade coletiva e da agenda política dos direitos humanos.
28/08 | sex | 19h
Gênero e sexualidade: a vida além do rótulo
Com Laerte, cartunista e chargista, publica no jornal Folha de S. Paulo
Apesar de avanços recentes, partes da sociedade brasileira ainda exibem grande intolerância frente à diversidade do universo da sexualidade humana. Nos últimos anos, Laerte somou ao traço do gênio cartunista o rosto e o corpo da militância pelo direito de ser reconhecido pelo que se é. Neste encontro, ela fala de sua experiência pessoal e de como vê a relação entre as múltiplas possibilidades de gênero e relacionamentos e os padrões hegemônicos de classificação e normalidade em nossa sociedade atual.
Curador: Benilton Bezerra Jr.
Local: CPFL Cultura (Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, Chácara Primavera, Campinas – SP);
Datas: sextas-feiras de agosto;
Horário: 19h;
Capacidade: 180 lugares;
Classificação Etária: 14 anos;
Transmissão online pelo cpflcultura.com.br/aovivo;
Detalhes: Entrada gratuita, por ordem de chegada, a partir das 18h. Vagas Limitadas (lotação da capacidade da sala);
Informações: (19) 3756-8000
crédito da foto de divulgação: Claudia Ferreira