Definição de cultura e entretenimento é tema de debate sobre cobertura jornalística
Cultura e entretenimento são os principais temas dos cadernos culturais. E são tão complementares que muitas vezes é difícil falar onde começa um e termina o outro. E para alguns, na verdade não existe essa distinção. Este foi o principal assunto debatido na mesa Os limites instáveis entre a cultura e o entretenimento, ocorrida no terceiro dia do II Congresso Cultural de Jornalismo. Com mediação de Eduardo Socha, filósofo e colunista da Cult, o encontro contou com Laura Greenhalgh, editora executiva do jornal O Estado de S. Paulo; Marcos Augusto Gonçalves, editor de Opinião do jornal Folha de S.Paulo; Raquel Garzón, editora do caderno Idéias do jornal El Clarin, Argentina; e Vladimir Safatle professor de filosofia da USP.
A convidada argentina começou a apresentação lembrando que no jornalismo cultural não importa o furo, mas sim a maneira de contar. Para ela, o fato de contar melhor uma história possibilita uma liberdade fantástica ao profissional. Raquel ainda exaltou a internet e sua maneira de fazer o jornalista repensar a cobertura tradicional.
Ruy Castro e Eric Lax contam como é a experiência de escrever biografias
Mesa sobre cultura na era digital com cara de clássico de futebol
Palestrantes abordam mudanças necessárias nas políticas públicas culturais
Veja fotos do evento
Laura Greenhalg levantou o histórico da música no mundo para situar a cobertura cultural na imprensa, abordando pela primeira vez na mesa o tema do entretenimento e da cultura. Jornalista de O Estado de S. Paulo, Laura lembrou que o jornal passa atualmente por uma censura – por causa de matérias envolvendo a família Sarney. Ela lembrou que o espaço da liberdade é fundamental na cobertura de cultura e que não existe criação que não seja dentro deste espaço.
O tema de cultura e entretenimento foi levantado novamente por Vladimir, que defendeu a distinção dos termos. Para ele, obras de arte estão além do simples prazer. Marcos Augusto defendeu a escolha por determinadas pautas mais acessíveis, lembrando que se o jornal escolhe um objeto é pelo simples fato que seus leitores querem ler sobre o assunto. Segundo ele, “o grande público está interessado é neste tipo de cultura/entretenimento”, divergindo da opinião de Vladimir. Para Marcos, a mídia não tem como se dissociar disso. “É difícil conceber cultura dissociada do mercado”, completou o ex-editor do caderno Ilustrada da Folha.