Debate sobre a classificação de filmes documentários
O segundo dia da “Retrospectiva DOC 2008” em Campinas foi aberto com uma mesa-redonda entre a cineasta Carla Gallo e a professora de cinema Maria Dora Mourão com jornalista Neusa Barbosa como mediadora. O ponto principal do debate foi a classificação dos filmes de documentário e ficção.
Programação, sinopses e trailers
Retrospectiva DOC 2008
Balanço das mostras de cinema da CPFL Cultura
Mesa-redonda abre a Retrospectiva DOC 2008 em São Paulo
Curador da mostra de documentários explica o critério de seleção dos filmes
CPFL Cultura – Cinema apresenta em São Paulo mostras retrospectivas de cinema documentário e ficção
A moderadora Neusa Barbosa apresentou os temas que abririam a discussão. “Documentário é cinema e cinema dos bons”, afirmou a jornalista. Para ela, é preciso fazer uma diferenciação da visão deste tipo de cinema ao de uma reportagem. “O documentário fica mais tempo e pode ir mais longe do que uma simples reportagem.”
Logo após a apresentação, foi a vez da professora Maria Dora Mourão lembrar que a própria origem do cinema remete ao documentário. “A ruptura entre ficção e documentário não é nada novo e hoje os filmes buscam a realidade e a ficcionalizam, pois é mais rentável do ponto de vista de marketing”, concluiu a professora, lembrando que os filmes de ficção tem um alcance maior de mercado.
Carla Gallo, diretora de O Aborto dos Outros, falou de sua experiência com a distribuição. Seu filme, que sairá em DVD no próximo mês, teve um custo maior do que o planejado por ter sido feito em poucas cópias, já que a expectativa das distribuidoras é menor com documentários do que com ficção. “Quanto menor o número de cópia, maior o custo de produção”, disse a diretora. Carla Gallo acha que seu filme não entra no mérito da discussão entre ficção e documentário. “Minha proposta era olhar as mulheres e ver um lado sombrio da maternidade.”
Maria Dora Mourão analisou ainda o cenário de filmes atuais que tomam emprestados muitos recursos de documentários. “A câmera na mão dá a sensação de instabilidade, de instantaneidade. Uma sensação que é buscada nos filmes de ação.” O preconceito que este gênero carrega também foi abordado. “A impressão que dá é que um documentário ruim é pior que uma ficção ruim”, concluiu a professora.
O debate foi encerrado após quase duas horas e contou com a participação da platéia, que pode tirar suas dúvidas durante o evento. Após a mesa-redonda, foi exibido o filme Pan-cinema Permanente. Confira toda a grade da “Retrospectiva DOC 2008”.