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daniel do nascimento: o sonho com a olimpíada vem desde menino

Fundista de 19 anos estreia na categoria adulta do atletismo e busca vaga na seleção brasileira correndo os 5.000 e os 10.000 metros, provas do seu ídolo, o britânico Mo Farah

Campinas – Daniel Ferreira do Nascimento, dono de grande resistência, tem provado que é um fundista talentoso com resultados expressivos desde os primeiros anos no atletismo. Já disputou provas de 1.000 m, 1.500 m, 2.000 m com obstáculos, 3.000 m, 3.000 com obstáculos, 5.000 m, 10.000 m e de 6 km e 8 km do cross country. Aos 19 anos, tem uma coleção de medalhas nas categorias sub-18, sub-20, sub-23 e adulto. A partir de agora, persegue o sonho de competir numa Olimpíada.

 

O fundista, de 1,65 m e 54 kg, nasceu em Paraguaçu Paulista (SP), em 27 de julho de 1998, e mudou para Campinas, aos 15 anos. Em janeiro de 2014, começou a competir pela Orcampi, braço esportivo do IVCL, o Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima, que tem apoio do Instituto CPFL.

“No circuito mirim (para jovens entre 13 e 14 anos) e menor (entre 15 e 17 anos) ele já mostrava grande talento nas provas de fundo. Procurou a Orcampi e, quando se trata de jovens talentos em busca de uma oportunidade, as portas estão abertas. É preciso ter coragem para sair de casa aos 15 anos e deixar pai e mãe em busca de um sonho. Ele veio atrás de evoluir e se tornar, a longo prazo, um atleta de alto rendimento”, conta o técnico Alex Lopes.

Daniel, que foi um menino de infância pobre, arteiro, que já sonhou em ser jogador de futebol, mas gostava mesmo de correr, evolui a cada temporada. “Só não ganhou um Brasileiro dos que disputou, em todas as categorias e provas. Também foi ao pódio em Sul-Americanos e Pan-Americanos… Só falta um Mundial, mas ele já disputou, em 2015”, disse Alex, treinador que tem “olho bom” para detectar talentos, estuda para acompanhar a evolução dos atletas e não solta as rédeas em busca de resultados.

 

Daniel enfrenta o momento de transição para a principal categoria do atletismo, para competir entre os adultos. “Temos de pensar a curto, médio e longo prazos”, acentua Alex. A curto prazo, o foco é a seleção brasileira de cross country (provas de fundo disputadas em terrenos sem pavimento, com obstáculos), a busca do bicampeonato dos 10.000 m e do pódio nos 5.000 m no Troféu Brasil de Atletismo de 2018 e tentar correr em algumas provas fortes na Europa, buscando melhorar marcas”.

Os 10.000 m – prova que consagrou o ídolo de Daniel, o britânico Mo Farah, campeão olímpico na distância (duas vezes) e mundial (quatro vezes) –, está na mira a médio prazo. Um brasileiro não disputa uma Olimpíada nos 10.000 m desde Atlanta/1996, com Ronaldo da Costa, um hiato maior do que o tempo de vida de Daniel.

O fundista tem confirmado o talento nos 10.000 m, com recorde sul-americano no Brasileiro sub-20, em abril, e ainda mais depois com o ouro, correndo entre adultos, no Troféu Brasil, em junho. Venceu com o tempo de 29min13s34, quebrando o recorde sul-americano juvenil da distância que pertencia a Franck Caldeira, que também correu a prova do Troféu Brasil.

Foi o primeiro ouro do Troféu Brasil de Daniel, ainda integrante da categoria sub-20. “Não é fácil a transição de categorias, mas tenho de seguir focado e nunca deixar de acreditar no que eu posso conseguir”, disse o fundista, que tem idade para realizar, pelo menos, três ciclos olímpicos.

Em 2020, ano dos Jogos Olímpicos em Tóquio, Daniel terá 22 anos. Vai brigar para estar na Olimpíada. “Meu plano é tentar vaga nos 5.000 e 10.000 metros. Eu vi os atletas competindo nos Jogos de Londres, em 2012, e depois disputei os Jogos Olímpicos da Juventude de Nanquim,na  China, em 2014. Vivenciei o ambiente das competições de todos os esportes, da Vila Olímpica de atletas do mundo todo e do estádio cheio, coisas que nunca tinha visto na vida”, lembra. “Depois acompanhei os Jogos do Rio, em 2016. Eu ainda não tinha uma escolha de provas, mas a partir do juvenil comecei a pensar nos 5.000 e nos 10.000 metros”, afirma Daniel.

O amadurecimento costuma demorar um pouco mais para os atletas das provas de resistência. “Ele sempre correu em categorias acima e está conseguindo resultados ainda bem novo”, confirma Alex.

Fera no cross country

Daniel do Nascimento tem 100% de aproveitamento na Copa Brasil de cross country – é tetracampeão e venceu em todas as vezes e categorias em que correu (foi campeão sub-18 em 2014; campeão sub-20 em 2015, 2016 e 2017. Na temporada, foi campeão sul-americano e disputou o Mundial de Kampala, em Uganda, terminando na 29º colocação.

O jovem fundista ganhou muita rodagem nos últimos anos. Depois de ganhar a medalha de bronze na Copa Pan-Americana de cross de Barranquilla, na Colômbia, em 2015, na categoria sub-20, foi campeão na edição seguinte, em 2016, na Venezuela, também na mesma faixa de idade, enfrentando adversários mais velhos nas duas ocasiões. Em 2014, havia sido campeão sul-americano sub-18 em Assunção, no Paraguai.

No próximo ano o foco será nos 10 km da categoria adulta. “Vamos tentar colocar o Daniel na seleção brasileira principal”, afirma Alex Lopes.

 

Rankings em 2017:

Ranking brasileiro sub-20 – 1º nos 8 km de cross country, 1º nos 5.000 m e 1º nos 10.000 m

Ranking brasileiro adulto – 2º colocado

17º colocado no ranking mundial sub-20 nos 10.000 m

Principais resultados da carreira:

2017 – Campeão dos 10.000 m no Troféu Brasil, em São Bernardo do Campo (SP)

2016 – Campeão nos 5.000 m e 3.000 m com obstáculos no Sul-Americano sub-23 de Lima (PER)

2015 – Medalha de bronze nos 5.000 m no Pan-americano juvenil de Alberta (CAN); 8º nos 2.000 m com obstáculos no Mundial de Menores em Cali (COL)

2014 – Campeão nos 3.000 m com obstáculos no Sul-Americano de menores de Cali (COL); 10º nos 2.000 m com obstáculos nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanquim (CHN)

2013 – Campeão nos 3.000 m dos Jogos Sul-Americanos da Juventude de Lima (PER)

Melhores marcas pessoais:

10.000 m – 29min13s34 (2017)

5.000 m – 14min27s33 (2016)

1.500 m – 3min51s87 (2015)

2.000 m com obstáculos – 5min45s22 (2015)

3.000 m com obstáculos – 8min49s84 (2016)

3.000 m – 8min26s90 (2014)

1.000 m – 2min36s09 (2013)