Cine-presságios: a questão ambiental e o tema do fim-do-mundo
No nosso imaginário coletivo – quase sempre presente – uma ideia pessimista: pelos rumos seguidos nos últimos dois ou três séculos, a humanidade estaria condenada a ser vitimada por desastres de caráter mundial que a exterminaria da Terra.
Esta nossa frequente companheira de viagem, a noção de juízo final, fortificou-se na primeira década do século 21, com a série de desastres ambientais que – tristes e alarmados – estamos presenciando, diariamente e muitas vezes online, através das mídias.
Este tema, a catástrofe ambiental, ocupa parcela expressiva da produção cinematográfica, que gosta de flertar com o tema da tragédia terminal, aquele fenômeno capaz de levar à destruição os seres vivos, as suas civilizações e mesmo o planeta.
A programação de cinema da CPFL Cultura, em junho, exibirá filmes com temática ligada à questão ambiental, com uma visão futurista a respeito de eventuais consequências nefastas que os desastres ecológicos poderiam trazer para os ecossistemas (em decorrência de trágicos fenômenos naturais, da poluição, do aquecimento global, etc.).
Foram quatro os filmes escolhidos. E seus enredos desenrolam-se em diferentes tempos do futuro:
* Em “2012” (EUA, 2009), uma série de cataclismas destrói uma boa parte da crosta da Terra e as imensas parcelas da população que foram atingidas por estes fenômenos da natureza buscam encontrar algum refúgio onde seja viável a sobrevivência. Nesta estória, estamos no ano de 2012, ano para o qual uma profecia da civilização Maia prevê uma tragédia ambiental de consequências planetárias.
* Já em “Avatar” (EUA, 2009), o ano é 2154 e duas forças malignas – a empresa capitalista e o militarismo – recorrem às tecnologias de ponta no esforço predador de explorar economicamente outros sistemas planetários, com decorrências trágicas para os ecossistemas.
*”Lixo Extraordinário” (Brasil, Reino unido, 2010), é um documentário que traz a obra do artista visual Vik Muniz sob o olhar dos catadores de lixo do Jardim Gramacho, localizado na cidade de Duque de Caxias, um dos maiores aterros sanitários do mundo. Do lixo, Muniz retira a essência do trabalho que irá provocar uma reflexão estética e solidária dos personagens do Gramacho. O filme concorreu ao Oscar/2011 de melhor documentário.
* E, finalmente, na animação “WALL-E” (EUA, 2008), a tragédia ecológica já aconteceu há muitos séculos na Terra e a humanidade agora tem que viver fora do planeta, enviando robôs para fazer a faxina antipoluição e para avaliar a eventual possibilidade de tornar a habitá-lo.
Na melhor tradição de Hollywood, o happy-end repete-se no enredo destes três filmes. Mas este tratamento otimista dos perigos encerrados na questão ecológica também deve ser apenas mais uma das heranças da frondosa árvore do Iluminismo. Afinal, não foi um pensador crítico como Karl Marx que teria perpetrado a frase-ícone dos otimistas: “a humanidade apenas se propõe os problemas que é capaz de resolver”?