Construções sustentáveis e influência no planejamento urbano
A realização dos megaeventos esportivos previstos para os próximos anos no Brasil deflagrou uma série de articulações, seja entre esferas de governo ou em parcerias público-privadas. A projeção de grandes obras gera um cenário de oportunidades impressionante: os investimentos na construção e reforma de novos estádios e instalações, nos projetos de urbanização e logística, transporte de passageiros, reforma e construções de hotéis poderão totalizar R$ 11,5 bilhões (Copa do Mundo de 2014) e R$ 28,8 bilhões (Jogos Olímpicos de 2016) no período 2011-2016.
O Ministério do Turismo tem articulado iniciativas em prol da sustentabilidade e o Ministério do Esporte instituiu a Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CTMAS), que conta com a participação de representantes das 12 cidades-sedes e técnicos das áreas ambiental e esportiva. Esta câmara definiu a Agenda de Sustentabilidade dos projetos para o Mundial de 2014.
Pelo setor privado, foi delineado o Plano Copa Verde, que vê o evento da FIFA como um catalizador para criar 12 cidades “verdes” que serão o grande legado da Copa do Mundo para uma economia verde brasileira e servirão de base para um novo modelo socioeconômico e ambientalmente sustentável. Para viabilizar as obras, pelo lado do financiamento, todos os investimentos em infraestrutrura a serem apoiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desenvolverão projetos ambientalmente sustentáveis e darão prioridade aos respectivos entornos socioambientais na definição de prazos de pagamento e o custo do crédito dos bancos oficiais para reforma e ampliação do parque hoteleiro serão maiores quanto mais sustentável, social e ambientalmente forem os projetos.
Existem grandes expectativas e apostas igualmente grandes para fazer da Copa de 2014 no Brasil a primeira Copa Verde da história, com definição de metas ambientais importantes. Esbarra-se porém em limitações de disponibilidade tecnológica ou custos para viabilizar algumas das disponíveis.
São necessários aperfeiçoamentos normativos para que os licenciamentos ambientais necessários garantam a conformidade legal das obras dentro dos prazos e demais obrigações do Brasil enquanto país-sede, além de se identificar as políticas e medidas necessárias para que as diferentes cidades-sede – e respectivas unidades de conservação – estejam em condições de atender a demanda turística derivada da Copa.
Finalmente, estes megaeventos tem um caráter transformador das cidades que os acolhem e a discussão fundamental e acerca do legado que deixam para elas. Este módulo pretende apresentar diferentes perspectivas e abordagens que permeiam eventos desta natureza e aproximar do cidadão comum as discussões que delas resultam.